quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Michael Jackson’s This Is It

A Terra do Nunca

Claro que podemos criticar a ousadia da Columbia Pictures ou da AEG Live por nos tentar enganar com a história do “for two weeks only” e depois esticarem a apresentação por mais uma semana devido “ao sucesso do filme”. Também podemos argumentar que estamos fartos “de levar” com o mito Michael Jackson e pedir aos céus que TODA a gente decida simplesmente deixá-lo descansar em Paz. E até sabemos que existe, de facto, muito respeito pelo trabalho do artista, mas que o que todos procuram agora é ganhar o seu quinhão com a memória dele… Mas o que podíamos fazer? Ignorar o filme…?
Claro que não! Fomos vê-lo. …E ainda bem.
Conclusão número 1 de quem não era fã: Não, Michael Jackson não era um ser doente e debilitado na altura da sua morte! Nem por sombras!!!
Conclusão número 2 de quem não era fã: Aquilo que está nos álbuns ou nos registos ao vivo é MJ em estado puro, sem grandes produções, escamoteações ou operações de estética. Ele era daqueles artistas que já não se fabricam: autêntico! E nem a espectacularidade de fatos ou cenários altera isso.
Conclusão número 3 de quem não era fã: O homem era um Artista com A grande. Cada acorde, cada passo de dança, cada respiração de um show tinha o seu cunho pessoal e a sua preocupação suprema era dar aos fãs aquilo que esperavam, sim!, mas, se possível, também o melhor espectáculo do mundo. TUDO o Jackson fazia, do que vestia ao que dizia, tinha a preocupação suprema de: fazer arte, agradar aos fãs ou passar uma mensagem positiva.
Em 100 minutos, número a número, através de uma montagem exímia que une ensaios a resultados finais de sequências multimédia criadas especificamente para aquele propósito, a assistência vê o espectáculo desenhado para ser oferecido aos fãs nas 50 datas agendadas para a O2 de Londres no Verão passado. E teria sido um espectáculo absolutamente soberbo, tal como MJ era um artista soberbo!
A partir do momento em que a morte democratizou o seu reportório e mitigou os fait divers que distraíam o público do que verdadeiramente interessava - a obra -, ser ou não fã de Jackson deixou de estar em causa. Goste-se ou não, há que admitir que o homem era um daqueles raros seres iluminados pelo talento que, ao mexer músculos ou cordas vocais de forma natural, largava pelo mundo pérolas e mais pérolas…
Não o sabia antes - ou melhor, nem tinha qualquer preocupação em sabê-lo - mas depois de milhares de horas de documentários e notícias de TV até eu me rendi ao talento de Michael Jackson, contrariando os mais ferozes críticos que, seguramente, não sabiam lidar com quem é inimitável ou cujo nível de talento dificilmente é atingível. E depois de 100 minutos de ensaios, passos, notas, sugestões e conversas, sem conseguir tirar os olhos do ecrã por um segundo que fosse, saí do cinema com uma certeza: o que eu não teria dado agora para ser uma mosquinha na O2 no Verão passado, não tivesse a tragédia roubado o Peter Pan prematuramente do mundo dos vivos…

Classificação:
*****