terça-feira, 29 de março de 2011

José e Pilar

Pilar, mi amor "Miguel Gonçalves Mendes mostra o José que havia em Saramago. E agora ao lado de uma grande obra, ficou com uma grande dívida. Miguel Gonçalves Mendes aos, 32 anos parece ter feito o trabalho de uma vida (...) em José e Pilar descobrimos o Saramago que nunca vimos, intimo e pessoal." Quem o diz é Manuel Halpern, jornalista e crítico do Jornal de Letras, e está absolutamente correcto. Para todos aqueles que – como eu – imaginavam em Saramago um ser duro e distante, vêem neste filme o lado doce do escritor. E esse lado é totalmente dedicado a Pilar del Rio, a jornalista espanhola, assertiva e feminista, que foi a sua companheira amantíssima desde 1988 até à sua morte. O que os dois realmente viveram podemos apenas extrapolar a partir dos indícios que o filme, delicadamente, deixa, como a murcha imagem de Pilar, apagada pela doença de Saramago, enquanto as suas palavras se continuavam vivas ou a descrição, feita a amigos, de Saramago daquele que foi o primeiro encontro entre o casal que termina com um sereno a aceite: “Quando vi aquela mulher aproximar-se… bom…”. E sabemos que ele soube que estava perdido. O filme respeita muitos limites e ultrapassa outros. Para os portugueses, fica a imagem de um Saramago amado em Espanha e desprezado em Portugal, que começava novamente a fazer as pazes com a sua terra e um ser assustado e perdido sem a sua Pilar, nome pelo qual chamava sempre o conforto lhe fugia. De uma delicadeza sublime. Classificação: *****

O Dilema (The Dilemma)

Conto ou não conto?

Este é o típico filme "popcorn" que tenta enviar-nos uma mensagem que está para além das expectativas, fazendo-nos questionar como reagiríamos nós numa situação destas e a quem seríamos fiéis (ao nosso amigo de infância ou à namorada?). Este é o dilema da personagem principal, que se pauta pela dúvida de contar toda a verdade ao amigo e, mesmo quando decide que sim, escapa-lhe sempre o timing certo. A sinopse conta: "Desde o secundário que o solteirão Ronny e o feliz casado Nick, são como "unha e carne". Agora sócios de uma empresa de design automóvel, os dois amigos lutam para implementar um projecto de sonho de forma a lançar a sua empresa. Com a namorada de Ronny, Beth, e a mulher de Nick, Geneva, ao lado da dupla, tornam-se imbatíveis. Mas o mundo de Ronny é virado às avessas quando inadvertidamente vê Geneva com outro homem. Agora, a sua missão é obter respostas para o que viu. À medida que a investigação amadora transforma o seu mundo num cómico ringue de luta, descobre que Nick tem alguns segredos por revelar. Com o tempo a correr e a pressão a aumentar para uma das maiores apresentações das suas carreiras, Ronny tem de decidir como e quando irá contar a verdade ao seu melhor amigo". Não é um filme para rcordar, nem uma storyline inovadora, no entanto, a cuidada produção e a capacidade humurística dos actores fazem deste filme uma aposta ganha em boa disposição. Classificação: ***

sexta-feira, 11 de março de 2011

Indomável (True Grit)

Coen brothers gone classic
Os irmãos Coen estão mais serenos. Apesar de se notar o leve toque de absurdo presente nas suas obras, “Indomável” é, talvez, a mais “convencional” dos seus “filhos, revelando-se um western americano clássico, se exceptuarmos a circunstância de a protagonista feminina ser uma miúda e não uma prostituta de saloon. Mas isso é “culpa” da história.
O filme é baseado num romance de Charles Portis já antes adaptado ao cinema. Em 1969, John Wayne ganhava o Óscar no papel do zarolho caçador de prémios Rooster Cogburn e roubava o protagonismo à figura central do romance e do filme dos Coen – Mattie Ross, a “jovem de 14 anos cujo pai foi morto a sangue frio pelo cobarde Tom Chaney e que está determinada a levá-lo à justiça. Com a ajuda de um conflituoso e alcoólico U.S. Marshal, Rooster Cogburn, ela prepara-se, ignorando as reservas do próprio Rooster, para caçar Chaney. O sangue do seu pai exige que persiga o criminoso até território Índio e o encontre antes que um Texas Ranger, chamado LaBoeuf, o apanhe e leve de volta para o Texas, para ser julgado pela morte de outro homem”, diz a sinopse da Lusomundo.
Jeff Bridges é Rooster Cogburn. Matt Damon é LaBoeuf. Josh Brolin é Tom Chaney. São todos irrepreensíveis nas suas interpretações. No entanto, é a jovem Hailee Steinfeld (Mattie Ross) que rouba o protagonismo destas grandes estrelas. Apenas com curtas metragens e filmes televisivos no currículo, esta California girl revelou-se a escolha mais poderosa dos Coen nesta película.
No geral, esperava-se mais surpresas da parte dos autores de “Fargo”, “O Grande Lebowski” ou “Este País Não É Para Velhos”.

Classificação:
****

quinta-feira, 3 de março de 2011

O Amor é o Melhor Remédio (Love & Other Drugs)

What a mess!

“Maggie é um espírito livre que não permite que nada a prenda, nem mesmo um fascinante desafio pessoal. Mas conhece a sua cara-metade em Jamie Randall, cujo charme impiedoso e quase infalível o servem bem com as senhoras e o mundo implacável das vendas farmacêuticas. A evolução da relação entre Maggie e Jamie apanha-os de surpresa, ao darem conta de estarem sob a influência da derradeira droga: o amor.”
Quem lê a sinopse prepara-se para ir ver uma comédia à moda antiga, com as mais-valias de ser baseada numa história real (é uma adaptação romanceada do livro “Hard Sell: The Evolution of a Viagra Salesman” de Jamie Reidy, em quem a personagem principal é baseada) e de ser protagonizada por dois lindíssimos actores, que dariam vida qualquer paisagem deserta: Jake Gyllenhaal e Anne Hathaway. Na realidade o que se vê no ecrã quando as luzes se pagam é um melodrama com tiques de comédia, que baralha uma história de amor, com uma crítica dura à indústria farmacêutica e aos delegados de propaganda médica (que também pode, pelo contrário, ser apenas publicidade descarada à Pfizer) e ainda com a história da fantástica chegada ao mercado de um milagre chamado Viagra. Uma confusão desgraçada!
O que não deixa o espectador adormecer são os dois fantásticos actores, o lado humado da história de uma mulher de 26 anos com a doença de Parkinson e - porque não dizê-lo - as quentíssimas cenas de sexo entra as duas personagens principais.

Classificação:
**

Sexo sem Compromisso (No Strings Attached)

Dois actores que merecem mais do que RoCo's

“Um homem e uma mulher, bons amigos, tentam manter uma relação estritamente física, até se aperceberem de que querem algo mais.” Esta é a sinopse do novo filme de Ashton Kutcher e (a recem galardoada) Natalie Portman. Fraquinha. O filme merece um pouquinho (pouquinho!) mais...
Ashton faz aqui o que sempre fez e que é aquilo que os agentes lhe dizem para fazer, ou seja, trabalha no tipo de filme que está convencido ser para “a sua demografia”: as mulheres jovens. Natalie, depois de um “Black Swan”, parece estar de férias neste filme. Mas são dois actores bonitos, talentosos e com alguma química (q.b.) no ecrã e o argumento é convincente e sensibilizante (com algumas derrapagens para o teen flick, mas não as suficientes para destruírem o resultado final). Portanto, tudo resulta numas duas horitas bem passadas no escurinho do cinema para os fãs das RoCo’s.

Classificação:
***

quarta-feira, 2 de março de 2011

The Fighter (Último Round)

Rocky with a twist...


Para quem diz que este filme não tem nada a ver com os famosos "Rocky", de Silvester Stalone, os meus parabéns, pois enganaram-me bem... Cristian Bale e Melissa Leo foram assim os que melhor aguentaram o combate e venceram os Óscares para melhor Actor e Atriz Secundários, ficando assim Amy Adams e Mark Wahlberg (que se preparou fisicamente para o filme durante 2 anos) pelo caminho...
Este é um "Rocky" cujo problema não é o próprio lutador, mas sim a sua família... No entanto, a ideia de que o que conta não são os murros que levamos, mas sim o quanto aguentamos mantém-se, não havendo, na minha opinião, nada de verdadeiramente novo neste filme...
Na
sinopse conta que "Dicky Ecklund é uma antiga lenda do pugilismo que desperdiçou os seus talentos e deitou fora a sua oportunidade de grandeza. Micky Ward, o seu meio-irmão, é um pugilista batalhador que viveu toda a vida na sombra do irmão. "The Fighter" é a história verídica e inspiradora destes dois irmãos que, contra todas as expectativas, se aproximam para treinar para um histórico combate pelo título que irá unir a sua família desfeita, redimir os seus passados e dar finalmente à sua cidade aquilo por que esta tanto espera: orgulho".
Assim, e apesar das muitas nomeações e Óscares leva:

Classificação:
****

The King´s speech (O discurso do rei)

Duas interpretações inesquecíveis

Apesar do Óscar para melhor filme, este é uma obra que vive de duas extraordinárias interpretações. Assim Colin Firth consegue o seu primeiro Óscar, sendo que Geoffrey Rush, apesar da nomeação, não conseguiu ganhar o Óscar (tendo ganho em 1996 Óscar para melhor actor principal com o filme "Shine", que retratava os bastidores da competição pianística ao mais alto nível, algo que também reflecte o espírito competitivo de "Black Sawn"). O Óscar para melhor filme vem por "arrasto", não estando este filme nas minhas preferências. Até mesmo "Inception" teria boas hipóteses face a este filme (embora tenha sido apresentado claramente fora de época, tendo em conta os Óscares que ganhou (4) e que poderia ganhar).
Na sinopse do discurso do rei conta que o filme narra os primeiros anos do conturbado reinado de George VI (Colin Firth), que subiu ao trono após o seu irmão mais velho, Eduardo VIII (Guy Pearce), ter abdicado. George VI teve de enfrentar o seu problema de gaguez que só foi ultrapassado com a ajuda de Lionel Logue (Geoffrey Rush), um terapeuta da fala.
Faltou-me também algum apontamento que nos aproximasse da acção no seu tempo. Uma vez que a voz do rei é "actor" principal, seria muito benvinda uma gravação do próprio rei a falar (não descorando o trabalho de Colin Firth...).

Classificação:
*****

Black Swan (Cisne Negro)

Os bastidores da perfeição

"Black Swan" deu o Óscar de melhor atriz a Natalie Portman, mas foi sem dúvida o filme do ano. A sua componente inesperada entre a realidade e o pesadelo, de resto já evidenciada no saudoso pesadelo em Elm Street (1984), faz deste filme uma obra tão cativante quanto bela e até mesmo aterradora. São assim os contrastes entre a puresa do ballet e a competição profissional que fazem deste filme uma obra de extremos.
Na sinopse consta que este é "um thriller psicológico que se desenrola no mundo do New York City Ballet, CISNE NEGRO tem como protagonista Natalie Portman no papel de Nina, uma bailarina que se vê enredada numa teia de intriga competitiva com uma nova rival na Companhia (Mila Kunis). Um filme da Fox Searchlight realizado pelo visionário Darren Aronofsky (THE WRESTLER), CISNE NEGRO leva-nos numa viagem excitante e por vezes aterradora através da psique de uma jovem bailarina cujo papel de Rainha dos Cisnes resulta num desempenho para o qual ela se torna assustadoramente perfeita."
Não podia então deixar de levar:

Classificação:
*****