terça-feira, 28 de dezembro de 2010

O Americano (The American)

Filme europeu com estrela americana

Segundo Karina Mitchell, do New York Times, “you're either going to love this movie, or leave feeling incredibly frustrated, depending on how much patience you have and how much you love art films.” Nem mais.
O novo filme de Clooney é demasiado europeu para ser um filme de Clooney e Clooney é demasiado americano para fazer um filme europeu... A mistura origina uma obra estranha e um pouco enfadonha.
Baseado no romance "A Very Private Gentleman" de Martin Booth, o filme conta a história de um assassino profissional que se refugia numa pequena cidade italiana, à espera que o convoquem para a sua última missão. Com vontade de viver uma vida “normal”, ele apaixona-se e vai cometer alguns descuidos imperdoáveis até a missão lhe ser revelada.
A história é banal e previsível. O ritmo é leeeeeeeento. E a única coisa que vale de facto a pena são os cenários (região do Abruzzo, província de Áquila) e (para quem aprecia) a beleza das mulheres:
Violante Placido, Thekla Reuten e Irina Björklund. Paolo Bonacelli, Johan Leysen e Filippo Timi compõem, com elas, o belíssimo elenco internacional dirigido pelo popular fotógrafo de música Anton Corbijn. Até agora, a maioria das suas produções (em fotografia e vídeo) e as suas experiências em filme (cinema e vídeo) tinham como protagonistas bandas internacionais (Metallica, U2, Depeche Mode, Bryan Adams, etc.). Ainda assim, esta parece uma experiência válida e prometedora…

Classificação:
**

A Tempo E Horas (Due Date)

A fun ride

"Robert Downey Jr. é Peter Highman, um feliz (mas ansioso) executivo de Los Angeles, que irá ser pai pela primeira vez dentro de alguns dias. No entanto, nem tudo corre bem: Peter não consegue apanhar o voo que parte de Atlanta, pelo que se vê obrigado a fazer a viagem de regresso a casa com um aspirante a actor, Ethan Tremblay. Contudo, aquilo que seria uma simples viagem de carro, torna-se numa sucessão de surpreendentes acontecimentos..." Esta é a sinopse daquele que era suposto ser a melhor comédia desde “A Ressaca”. Infelizmente, não anda nem perto dessa anterior obra do (mesmo) realizador Todd Phillips.
A história não é nova – a premissa é igual à do filme "Antes Só Que Mal Acompanhado"/"
Planes, Trains and Automobiles", de John Hughes (1987) -, o tipo de humor cáustico é importado de “A Ressaca” (embora com infinitamente menos eficácia) e até Zach Galifianakis vem dessa saudosa produção anterior. Robert Downey Jr., embora convincente na pele de executivo stressado, fica sem a química habitual nesta produção irreverente, mas pouco empolgante e fantasiosa demais.
Vale a pena, no entanto, destacar os papéis menores, onde se encontram, por exemplo, Jamie Foxx e Juliette Lewis.
Se a expectativa é rir um pouco, vale a pena ir ver. Se é ver um filme digno de Downey Jr.… passem este.


Classificação:
**

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Jogo Limpo (Fair Game)

Retrato do mundo em que vivemos

Mais um filme desencantado, que dá conta da “revolução” que, silenciosa, ocorre nas vidas de todos nós. Já não acreditamos em muito e o que nos vais sendo revelado à custa da “era da informação não filtrada”, apoiada nas novas tecnologias, faz-nos acreditar em menos ainda. Entre câmaras em directo da guerra, Tweets e Wikileaks, esta é mais uma obra política, destinada ao público cansado de ser enganado pela elite política e ávido de saber “tudo”… na esperança de que, sabendo tudo, possa tomar atitudes...
Valerie Plame é uma agente da CIA que viu a sua identidade secreta revelada por Richard Armitage, do US State Department, ao jornalista Robert Novak, do Washington Post - um facto considerado crime nos EUA. A revelação ocorreu logo depois de o ex-diplomata Joseph Wilson, seu marido, criticar os Estados Unidos por manipular informações para justificar a invasão do Iraque pela presença de armas de destruição em massa no país, assegurando, dessa forma, e existência de uma guerra imoral e infundada.
O filme é baseado numa história verídica - facto, aliás, comprovado pelas imagens que encerram a obra e que mostram a Valerie Plame real a falar pela primeira vez sobre a sua história perante o
U.S. House Committee on Government Reform.
Naomi Watts assume o papel da agente de forma convincente e humilde e Sean Penn presenteia os espectadores mais uma interpretação deliciosa na pele do seu revoltado marido, Joseph Wilson. O filme tem duas “partes” – a primeira mostra-nos o dia-a-dia de uma competente agente da CIA, as suas responsabilidades e os seus limites; a segunda leva-nos aos meandros do escândalo público, que, apesar de ser um pouco menos interessante no que diz respeito ao espectáculo, nos leva à essência da personagem de Naomi.
É um filme para os que querem saber mais acerca dos bastidores da guerra do Iraque, sobre como funciona o mundo da “intelligence” e o que esteve na base da criação do “mito” sobre as armas de destruição maciça (in)existente no Iraque. No fundo, é um filme sobre imoralidades políticas, num mundo em que vale tudo...

Classificação:
****

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Red – Perigosos (Red)

Cinema kitch

Bruce Willis, Morgan Freeman, Richard Dreyfuss, John Malkovich e Helen Mirren no mesmo filme? Brutal. Seja qual for a história, seja qual for o realizado, seja qual for o cenário… Vale a pena ver de certeza!
“Red” não é um grande filme, mas recomenda-se. Além do fabuloso elenco - um rol de actores vintage do melhor - o filme é uma gargalhada pecaminosa, uma espécie de prazer proibido. Parece uma caricatura, um cartoon de um filme de acção, que recupera todos os clichés que tornaram Willis famoso e que até ele já deixou de lado. Ao mesmo tempo que abanamos a cabeça, incrédulos com a audácia de nos prometerem um manjar e nos apresentarem, em vez disso, comida aquecida no micro-ondas, reviramos os olhinhos para o alto do crânio e rimos com gosto de tanta palermice.

Em resumo? Este filme é um bombom... Mas só para apreciadores!
Aqui fica a sinopse da Lusomundo: “Frank Moses é um agente secreto veterano e reformado que vê a sua actual pacífica vida ser subitamente interrompida por um assassino profissional que o tenta matar. No entanto, Frank consegue neutralizar a ameaça mas rapidamente se apercebe que a sua localização está comprometida e que a vida dos seus entes queridos está em perigo.”
Vejam a coisa como se fosse um livro da Harlequin adaptado ao cinema (mas sem sexo!)… É isso que o realizador parece pretender.

Já havia literatura de cordel. Robert Schwentke parece ter inventado o cinema de cordel

Classificação:
****

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

A Rede Social (Social Network)

O café do Séc. XXI

Este é um filme que retrata o início da nova realidade de 500 milhões de pessoas. Este é um mundo de potenciais ideias milionárias no mundo da informática e o mais interessante é que muitas delas aparecem em mentes jovens que por vezes não têm ideia do potencial valor que a sua criatividade poderá ter no mercado das novas tecnologias.
A sinopse conta: "Certa noite no ano de 2003, o génio da programação e aluno de Harvard, Mark Zuckerberg, senta-se ao computador e começa a trabalhar numa nova ideia. Aquilo que inicialmente era apenas uma mistura de programação e blogging, cedo se tornou numa rede social à escala mundial, que revolucionou a forma de comunicar. Seis anos e 500 milhões de amigos depois, Mark Zuckerberg é o mais novo bilionário da História... mas para este empresário, o sucesso vai trazer-lhe também problemas pessoais e legais. "
Este filme, cujo protagonista não tem facebook, conta ainda com a participação especial de Justin Timberlake, que esteve à altura do desafio. As interpretações não são nada do outro mundo, no entanto, estiveram à altura do que era pedido e guiaram-nos de forma muito simples numa estória que o mundo quer conhecer.

Classificação:
****

Inside Job - A Verdade da Crise (Inside Job)

E nada mudou...

É verdadeiramente assustadora a realidade expressa neste documentário... Apesar de uma sonoplastia muito duvidosa que coloca entrevistados frente a frente com frases graves que não foram ditas na entrevista, mas sim, que foram colocadas à posteriori com o intuito de os ridicularizar, os visados não têm desculpa pelos actos perpretados no passado. No entanto, e o mais assustador de tudo, é que estas são exactamente as mesmas pessoas em quem Barack Obama deposita a sua confiança para (des)governar a grande potência mundial.
A sinopse diz: "Através de uma pesquisa extensiva e entrevistas com economistas, políticos e jornalistas, "Inside Job - A Verdade da Crise", mostra-nos as relações corruptas existentes entre as várias partes da sociedade. Narrado pelo actor Matt Damon e realizado por Charles Fergunson, este é o primeiro filme que expõe a verdade acerca da crise económica de 2008. A catástrofe, que custou mais de $20 triliões, fez com que milhões de pessoas tenham perdido as suas casas e empregos."
Assim, Charles Ferguson mostra o que o jornalismo de investigação pode ter de melhor e pior neste documentário. Desde o apontar o dedo a quem prevarica e se mantém impune, a uma abordagem pouco ética das entrevistas ou melhor, dizendo o essencial de forma cobarde, através de uma pós produção audio que muito me decepcionou...

Classificação:
**

Wall Street: O Dinheiro Nunca Dorme (Wall Street 2: Money Never Sleeps)

O retrato de quem nos trama...

Devo em primeiro lugar realçar que este filme é uma agradável surpresa, e que não é necessário ser-se um guru da economia para perceber que a ficção traduzida neste filme, reflecte a realidade da crise grave que nos afecta a todos, fruto da ganância e lucro descontrolado.
A sinopse da Lusomundo diz:"Quando Gordon Gekko (Douglas) sai da prisão, depara-se com o mundo que outrora dominava. Procurando restabelecer relação com a filha (Mulligan), torna-se sócio do seu noivo Jacob (LaBeouf), que o começa a ter em consideração como um pai. Mas Jacob cedo descobre que Gekko, ainda um génio da manipulação e dissimulação, está atrás de algo muito diferente da redenção."
Assim, Oliver Stone mostra-nos o mundo do crime de "colarinho branco" tantas vezes impune durante anos a fio. O ar esgazedo de Douglas mostra bem toda a força que o dinheiro representa nas suas acções menos lícitas e nem a família o afasta dos seus objectivos e instintos mais primários, ou será que não?...

Classifição:
****