terça-feira, 27 de outubro de 2009

Sem Provas (Cleaner)

Mistério with a twist...

Se alguém morre em nossa casa, a polícia encarrega-se de recolher o corpo. Mas o que poucos sabem é que fica por nossa conta a limpeza do local. Como muitos não têm estômago para este género de trabalho, ligam para Tom Cutler (Samuel L. Jackson). Tom é o que se pode chamar um "Limpa-Provas", o homem que elimina qualquer traço de sangue, cheiro, manchas. Quando Tom recebe indicação para limpar a cena de um crime brutal num bairro da alta sociedade depressa se apercebe que o crime nunca foi reportado à polícia e que apagou todo e qualquer rasto do que efectivamente aconteceu. A mulher que vive na casa, Ann Norcut (Eva Mendes), não sabe da ocorrência de nenhum crime na sua casa, sabe apenas que o seu marido desapareceu. E pede encarecidamente a Tom para o encontrar...
São 89 minutos de bom entretenimento, com actores que não têm aqui o papel das suas vidas, mas que fazem o suficiente para tornar a história interessante. Eva Mendes deixa um pouco a desejar. Samuel L. Jackson e Ed Harris revelam a resolução da história com o olhar. Luis Guzmán é irritante o suficiente para tornar a sua personagem credível.
E, se a realização de Renny Harlin - um realizador de filmes de terror - passa quase despercebida, exceptuando o trabalho com os tais olhares que revelam o final do enredo, o destaque vai para a escrita de Matthew Aldrich… um ilustre desconhecido, quem, antes deste filme, conta apenas com um entrada no IMDB como actor em “My Sweet Suicide” (1999)!!! O guião é muito consistente e muito coerente. Salvo alguns clichés – como o cheirar do perfume da esposa morta ou a vigilância irreflectida de Cutter à viúva Norcut – parece um exercício com pés e cabeça. Custa a acreditar que seja a primeira experiência do autor…

Classificação:
***

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Os Informadores (The Informers)

O abismo Neste filme, baseado num romance de Bret Easton Ellis (“American Psycho”, “Less Than Zero”) e com uma acção passada na louca Los Angeles de 1983, quase todas as personagens estão à beira do abismo. Lindas, bem-sucedidas e promíscuas, deixaram de pensar no que é certo e no que é errado e não fazem ideia nenhuma sobre os objectivos que devem perseguir. A máxima de viver o agora tornou-se demasiado séria e, numa tentativa absoluta de encontrarem “the next thrill”, a droga e o álcool tomou conta de todos. Não se sabe bem se foram os desgostos que os tornaram assim ou se é o facto de serem assim que lhes traz desgostos. O que sabe é que não há qualquer tipo de moralidade naquelas vidas, ao ponto de uma das personagens, quase no fim, dizer com todas as letras que precisa “de alguém que me diga o que é certo e o que é errado. Se ninguém nos diz, como é que sabemos se o que fazemos está certo ou errado?”.
Imagino que Ellis escreva bons livros, no entanto, o cinema tem outra estrutura. Seguir quase uma dezena de personagens à deriva (a cada cena surge uma referência a outra personagem!), sem perceber muito bem o que é que é importante e qual a informação que pode ser esquecida, torna a película, no mínimo, estranha. Claro que tudo faz sentido quando chegamos ao fim, fim. Mas o “AH!” final não chega para que o espectador saia do cinema com uma sensação de plenitude. E, neste caso, o “AH!” final até foi plantado ao longo da história, mas é tão absolutamente óbvio nos tempos que correm que nenhum espectador quer acreditar que o filme “é sobre” aquilo. Fica uma garantia: uma vez por ano é possível que este filme passe na TV em comemoração de uma efeméride que, infelizmente, continua a fazer sentido…
Com um elenco de peso, o filme prometia mais. Kim Basinger, Winona Ryder, Billy Bob Thornton, Jon Foster e Mickey Rourke partilham o ecrã numa história que, provavelmente, eles conheceram de perto. Mas o destaque vai obrigatoriamente para Brad Renfro (o puto de “O Cliente”!) e Amber Heard. O primeiro porque era um dos jovens actores mais promissores de Hollywood e teve neste filme a sua derradeira interpretação (morreu em Janeiro de 2008 com uma overdose acidental de heroína). A segunda porque tem o papel central da história (se não o principal) e, além de ser lindíssima (característica sempre importante quando se fala em actores de Hollywood), tem aqui uma prestação irrepreensível.
Mas, mesmo com todas estas estrelas e jovens fabulosos, o filme só se recomenda a quem quer viajar sem saber para onde… ou então a quem quer ver umas boas cenas eróticas no grande ecrã… Ah! E merece um prémio quem conseguir explicar porque é que ele se chama “Os Informadores”. Procura-se uma explicação convincente (e provavelmente metafísica) para que o nome da digressão de uma das personagens seja usado para o filme inteiro...

Classificação:
**

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Pânico em Hollywood (What Just Happened)

O dia-a-dia de um produtor de cinema

“Pânico em Hollywood” é o retrato da vida stressante de um produtor de cinema em Hollywood. De segunda a Sexta-feira, o espectador acompanha “um dos 30 produtores mais poderosos de Hollywood”, Ben (Robert De Niro), enquanto ele tenta resolver três questões paralelas e pertinentes: convencer o realizador a alterar o horrível final do filme “Fiercely”, com Sean Penn, que é suposto estrear em Cannes mas que teve resultados horríveis no test screening em LA; convencer Bruce Willis, estrela do próximo filme, a rapar uma farta barba e a perder uns quilos antes do início das filmagens, para que volte a parecer-se com “a estrela de cinema” que o estúdio “comprou”; e reconquistar a última ex-mulher, de quem está separado há ano e meio.
A ideia de mostrar as vicissitudes daquela profissão é interessante, já que poucos apaixonados pelo cinema percebem qual é exactamente o papel de um produtor em Hollywood, além de gerir fundos (é, por isso, um filme algo didáctico). No entanto, com a câmara sempre enfiada na cara de De Niro, cuja personagem é discreta e contida, o filme, apesar de retratar muitas situações stressantes, acaba por tornar-se monótono e sem ritmo. Além disso, o guião, mais preocupado em dar um retrato fiel do dia a dia de “um deles”, falha em decidir a qual das três histórias deve dar destaque, acabando por deixar o espectador um pouco perdido sobre qual é, afinal, o verdadeiro desafio da personagem. Ou seja, em vez de ficarmos com a sensação de que estamos a acompanhar um período conturbado da vida de Ben (e um filme é isso: uma personagem que tem de superar um desafio crítico e invulgar!), parece que aquilo que estamos a ver é o habitual em Hollywood, e portanto, não há razão para grandes dramas, já que ele aparece sempre contido e com um aparente controlo da situação. Há sempre uma saída. Há sempre algo a “descansar” o espectador… o que torna os 105 minutos de filme demasiado longos. O filme falha redondamente no ritmo e na manutenção da tensão. Desconfio até que nunca teria sido considerado interessante e nunca teria sido produzido se não se tratasse de uma história que retrata Hollywood...
A nota mais positiva vai para Sean Penn, Bruce Willis, John Turturro e Katherine Keener, já que De Niro, em vez de um Hollywood producer cheio de garra, aparece como um Hollywood producer velho e cansado. Até pode ser que, neste caso, tenha sido uma opção do realizador, mas a dúvida permanece: É mesmo característica da personagem? Ou é de De Niro? É que aquele registo começa a ser familiar no actor… É pena.

Classificação:
**

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Fama (Fame)

Uma viagem aos 80`s

O preço da Fama é bem elevado em qualquer parte do mundo, mas em Nova York esse preço começa a ser pago bem cedo e em gotas de suor!! "Fama" segue um grupo de talentosos dançarinos, cantores, actores e artistas durante quatro anos na escola New York City High School of Performing Arts, onde, através de um variado e criativo conjunto de actividades, é oferecida aos estudantes de todos os níveis sociais a oportunidade de viverem os seus sonhos e alcançarem a verdadeira e duradoura fama... aquela que se consegue apenas com talento, dedicação e trabalho árduo. Esta é também uma escola onde os alunos de Teatro, Dança e e Música coabitam num clima de competição mas ao mesmo tempo de cumplicidade. Nesta incrível atmosfera competitiva, atormentados por dúvidas interiores, a paixão de cada estudante vai ser posta em causa. Para além dos seus objectivos artísticos, eles terão de lidar com as questões normais da escola secundária, uma fase tumultuosa cheia de trabalhos da escola, amizades intensas, o despertar das paixões e a auto-descoberta. À medida que cada aluno luta pelo seu momento de glória, eles irão descobrir quem, entre eles, tem talento inato e a disciplina necessária para ser bem sucedido. Com o amor e a ajuda dos amigos e colegas artistas, eles descobrirão quem alcançará a fama.
Ficam assim estabelecidos alguns clichés, como por exemplo a aluna que tem uma formação clássica em piano. Como não seria popular nem cool ela ter sucesso nessa área (o que, sim, é possível!), mais uma vez "estabeleceu-se" que tocar piano ao mais alto nível de interpretação (com toda a dificuldade que isso acarreta para o resto da vida) não seria o caminho (penoso) que a jovem artista iria seguir, passando assim a ser cantora... Tem tudo a ver...
Fora este "déjà vu" previsível (e de mau gosto, a meu ver, pois passa uma imagem muito negativa de uma arte que merece o nosso respeito) o filme cumpre a sua função: entreter.
O filme tem excelentes interpretações de jovens artistas que visivelmente não seguiram um caminho fácil até chegar ao grau de interpretação que demonstram na tela!! Claramente estão a seguir um caminho dificil e de muito trabalho (não chega só talento ou "jeito para a coisa" quando se trata de fazer um filme destes em idades tão jovens) que será certamente recompensado.

Classificação:
****