sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Kiss & Kill - Beijos & Balas

Kutcher a tentar provar que pode fazer filmes de acção

Misturam-se dois actores bonitos, um guião pouco ambicioso, uma história de amor pouco verosímil, o cenário magnífico do Sul de França e alguns momentos de romance e acção e encontra-se a receita para o filme adequado a uma tarde preguiçosa de Verão. Não obriga a pensar. Arranca um sorriso por ser tão docemente falso. Mas cumpre o objectivo de fazer passar cerca de duas horitas a ver coisas bonitas e a não pensar em problemas.
Ashton Kutcher não é só o actor principal, é também um dos produtores desta … hum… "obra". E talvez o objectivo dele seja apenas provar aos estúdios de Hollywood que também sabe fazer filmes de acção, já que este guião explora – embora mal! – o mundo dos agentes secretos... Katherine Heigl está a fazer a difícil transição entre a televisão e o cinema. E está, então, a seguir a fórmula escrita nos manuais hollywoodescos para isso, começando pelas comédias românticas pouco ambiciosas. Se tiverem a coragem de ser persistentes, os dois serão grandes actores quando o público que os ama agora estiver um pouco mais crescido e os chefões de Hollywood já tiverem a confiança necessária para lhes dar os papéis que realmente merecem.
Para já, é isto que temos: “Um agente secreto apaixona-se loucamente, e abandona a sua profissão quando decide casar-se com a mulher dos seus sonhos. A vida de sonho do casal é perturbada quando ele descobre que está a ser vigiado há bastante tempo e qualquer um dos seus vizinhos ou amigos pode ser o assassino contratado para o matar.”

Classificação:
**

domingo, 22 de agosto de 2010

A Origem (Inception)

A heist movie with a twist...

“É um filme fantástico!”“Esse é muito bom.” “Vai ver esse que vais gostar.” Foi a ouvir frases destas que eu decidi comprar bilhete para ir ver o último filme de DiCaprio. Não é que precisasse de incentivo – ele faz bons filmes e, desta vez, unia-se a Christopher Nolan, responsável pelo fantástico “Cavaleiro das Trevas” –, mas há muito tempo que não ouvia tal unanimidade entra o público leigo e a crítica.
Quando entrei na sala escura, esperava ser desafiada intelectualmente e ver uma obra nada menos do que brilhante. É possível que o seja, mas mistura alguns dos estilos que eu menos aprecio: a ficção científica com o filme de assalto. É verdade que faz a fusão de forma brilhante, desafiante e que, no meu ponto de vista, acaba por melhorar os dois géneros, mas não vim deslumbrada, porque achei que a premissa, a exposição das intenções, é muito mais interessante do que a posterior simplicidade do enredo. Mas pode ser apenas uma questão de gosto…
Ora, Leo DiCaprio (o tal que começou a ser nomeado para o Óscar de melhor actor aos 20 anos, mas nunca ganhou nenhum por ser bonito demais) é Dom Cobb, um talentoso ladrão, “o melhor na arte da extracção: ele rouba segredos e ideias às pessoas directamente das profundezas das suas mentes, durante os sonhos – estado em que a nossa mente está mais vulnerável. A rara habilidade de Cobb fez dele uma das pessoas mais influentes neste novo mundo de espionagem empresarial, mas também fez dele um fugitivo internacional e custou-lhe tudo o que já amara. Mas agora foi-lhe oferecida uma oportunidade para se redimir. Um último trabalho pode devolver-lhe a sua antiga vida. Em vez do assalto perfeito, Cobb e a sua equipa de especialistas têm exactamente de fazer o inverso: instalar uma ideia na mente de alguém”, diz a sinopse da Lusomundo.
A premissa é óptima, mas o enredo é banal. Esperava, sinceramente, mais. Querem uma prova de banalidade? A personagem principal é um ser torturado cujo sucesso da missão que tem em mãos determinará também o sucesso da resolução do seu conflito interior… No fundo, é um heist movie with a twist - em vez de roubarem algo, vão colocar algo na mente de alguém, mas nem por isso deixa de haver metáforas sonhadas de fortes inexpugnáveis, prisões e perseguições, tiros e fugas em countdown. A única personagem redonda é Cobb, todas as outras são bonecos sem passado nem futuro. E a história de Cobb torna-se repetitiva e até previsível. O ritmo, no entanto, é excelente, bem como a exploração do banal enredo, que se torna interessante por ocorrer na mente humana e no mundo dos sonhos, o que dá azo a grandes desafios de lógica e de gravidade, o que, por sua vez, permite / exige extraordinários efeitos especiais. E eles existem.
Não há nada a apontar à produção, nem às interpretações dos actores, embora se olhe com estranheza para o facto de terem escolhido a jovem (jovem, jovem!) Ellen Page como a arquitecta de sonhos, o génio do filme. Talvez a personagem exigisse alguém mais “experiente” para ser credível...
No geral, é um filme que vale a pena ir ver, mas sem o preconceito de achar que vai ser absolutamente extraordinário, já que o público tem tendência a dizer isso sobre tudo aquilo que tem dificuldades em perceber na totalidade, como a relatividade da lógica dos sonhos e as fórmulas matemáticas em que assentam os labirintos da mente… É possível que se torne um filme de culto, como “Matrix”, exactamente pela premissa que apresenta. Não me admiraria nada que aparecessem a partir de agora mais filmes a usarem como base da história o campo dos sonhos e o assalto às ideias durante o sono. É esperar para ver…


Classificação:
****

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Contraluz (Backlight)

Os acasos da vida

Este filme é sobre os acasos da vida… E foi, talvez, por acaso que fiquei a saber da morte de António Feio - o actor que deu a cara para defender a obra de Fernando Fragata e que tantas vezes vi no magnífico trailer do filme - exactamente no momento em que regressava a casa depois de ver a fita no cinema. Um acaso do qual não me vou esquecer jamais. António Feio transformou-se numa lenda, não só devido à “enorme” carreira que teve, mas também devido à lição de vida que deu a todos nós pela forma como enfrentou o pior pesadelo possível. “Aproveitem a vida e ajudem-se uns aos outros, apreciem cada momento, agradeçam e não deixem nada por dizer, nada por fazer. Esta uma das fortes mensagens deste filme”, diz na intervenção que antecede o trailer. Sim, vamos todos tentar seguir o teu exemplo. Eu, pelo menos, prometo fazê-lo.
Mas comecemos “pelo princípio”… O próprio trailer. Não vou discorrer sobre a mensagem de António Feio, que nos arrepia a todos e está tudo dito. Mas o próprio trailer. O texto que o introduz. Joaquim de Almeida ajoelhado no deserto. O carro. O GPS. A voz que o chama. BRUTAL! O melhor que já vi. Dá lições. Tirem notas, porque é assim que se faz! Bravo!
Quanto ao filme, a sinopse é mais vaga que o trailer, mas ao contrário do anterior, não suscita interesse nenhum. Aqui fica, copiada do site da Lusomundo: “Várias pessoas sem ligação entre si estão em situações de extremo desespero quando algo inesperado acontece que irá mudar radicalmente o rumo das suas vidas. Caberá a cada um moldar o seu destino de modo a reencontrar a felicidade. Mas há destinos que só se alcançam depois de alterar o dos outros.” Fraquinha. O filme é mais do que isto.
O filme começa com um Joaquim de Almeida amargurado, numa personagem sombria, a quem morreu a esposa. O espectador testemunha o renascer desta personagem naquela que é a passagem mais desinteressante do filme. Com um contexto demasiado longo, é um trecho com pouco ritmo. É de propósito, eu sei, a personagem está sem ritmo e o espectador sente-o… infelizmente durante demasiado tempo… Mas o actor entrega o que lhe pedem, sem dúvida, e a “história da personagem termina onde a obra começa a suscitar verdadeiro interesse.
A partir daí é puro entretenimento, sempre com mais questões para responder, sempre com ritmo, sempre em crescendo. Digo “entretenimento” da melhor maneira possível (no sentido do fascínio que suscita no espectador, que deixa de olhar para o relógio e fica disponível para se deixar levar), sem que por isso a obra deixe de colocar muitas questões ao espectador, muitas “dicas” para pensar quando deitar a cabeça no travesseiro.
Notei um erro de anotação quando uma mochila vermelha suja é supostamente a mesma que aparece na cena (cronologicamente) seguinte já limpinha… Mas isso não chega para manchar a óptima obra de Fernando Fragata.
Uma nota final para Evelina Pereira. Nunca a tinha visto no papel de actriz. Não era uma personagem muito exigente, mas também não há qualquer reparo a fazer, além do facto de a câmara a adorar. Esteve bem e fica lindíssima dentro do camião.
Em resumo: mais um passo em frente para o cinema português.
…Mas, já agora… ADORAVA ver o dia anterior… da abelha… ;-)

Classificação:
****

Lucky Luke (Lucky Luke)

Um filme cartoon

Desculpem se vos vou estragar o suspense mas Les Daltons e Rantanpan não foram contemplados e o Jolly Jumper não tem a crina loura :(((((
Fora estes grandes percalços, o filme retrata de forma bastante divertida e fiel um dos meus personagens preferidos da banda desenhada John Luck ou Lucky Luke.
Uma pequena imprecisão é o facto de Phil DeFer não ser gigante (tal como nos livros) mas este não oferece nada de novo à acção (já avançada quando aparece).
A sinopse diz: Jean Dujardin interpreta o papel do "homem que dispara mais rápido do que a própria sombra": Lucky Luke. Quando se encontra em missão na cidade natal de Daisy Town, Lucky Luke vê o seu destino cruzar-se com o de Billy The Kid, Calamity Jane, Pat Poker, Jesse James e Belle. Sempre na companhia do seu fiel companheiro, Jolly Jumper...
Pelo facto de ser uma producção francesa que, não sendo o Sin City, conseguiu captar a essência do cartoon no grande ecrã leva:

Classificação:
****

Prince of Persia: Sands of time (Príncipe da Pérsia: As areias do tempo)

Do monocromático ao digital

Quem não se lembra de passar tardes a jogar aquele jogo que apenas tinha três cores: preto, branco e muito amarelo!! Talvez seja essa a verdadeira explicação para tanto daltonismo...
Prince era o nosso herói e a princesa nunca a cheguei a ver (por não ter conseguido chegar ao fim do jogo). Com 7 anos os desafios dos jogos spectrum apenas eram ganhos por nerds que, tal como eu passavam 24 horas por dia ao computador mas que não desligavam o computador uma vez que "load" e "save" ainda não constavam no dicionário informático.
Bom, o jogo era viciante mas este filme, nos dias que correm, é mais uma producção Disney milionária longe de despertar as paixões criadas dos anos 80.
A sinópse é simples: Nas místicas terras da Pérsia, um príncipe trapaceiro (Jake Gyllenhaal) une forças, contra a sua vontade, com uma misteriosa princesa (Gemma Arterton) e, juntos, irão enfrentar as forças do mal para proteger uma antiga insígnia capaz de libertar as areias do tempo - um presente dos deuses com o poder de voltar atrás no tempo que dará a quem o possuir a capacidade de dominar o mundo...
Tal como a sinopse também a classificação é simples...

Classificação:
***