quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

O Turista (The Tourist)

Um filme cinzento pálido

Já sabemos que este é um daqueles filmes que é um blockbuster garantido. Junta-se uma dose de Angelina Jolie, outra de Johnny Depp, uma pitadinha de Paul Bettany, mais uma de Timothy Dalton e vai ao forno entre Paris e Veneza. Enfeita-se com russos, barcos, canais, comboios rápidos, jactos e obras de arte, mais um guarda-roupa magnífico e… chega-se a receita inevitável do sucesso. Podia ser sobre a plantação de abacates na África do Sul que haveria, igualmente, filas à porta dos cinema para o ver (e Brad Pitt no local de filmagens a “vigiar” a companheira…).
E, neste filme, está tudo benzinho. Mas só.
Angelina está demasiado glamourosa para o tom do filme, Depp demasiado banal e Bettany optou por uma interpretação demasiado intensa para o estilo neutro da obra… Ou talvez seja ele o único que conseguiu capturar a essência do guião e são os outros que se “equivocaram” na escolha da tonalidade da coisa (realizador incluído!), já que, em vez do colorido de um filme de espionagem e acção, de polícias e ladrões, não passam mais do que a emoção de um dia em que a chuva ameaça cair… mas nem sequer cai. O filme fica naquela ritmo neutro de um episódio da Balada de Hill Street vista com 30 anos de atraso... Em resumo, é um filme em tons de cinzento pálido… Esperava-se muito mais! Muito mais…

Classificação:
***

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Burlesque (Burlesque)

There's no business like show business

Com um início e uma premissa iguais ao de “Coyote Bar”, um desenvolvimento aborrecido e previsível - que até inclui (cliché dos clichés!) um empreendimento imobiliário que ameaça nascer no exacto local do amado teatro burlesco - e um final, ainda mais aborrecido e previsível, onde todos vivem felizes para sempre… a uma coisa que faz valer a pena ir ao cinema ver este filme é… o espectáculo!
Belas mulheres semi-despidas, em poses e coreografias sensuais; belos homens no meio das belas mulheres; Cher e Aguilera a cantar (Aguilera também dança e é uma das belas mulheres semi-despidas)… Sem dúvida que há espectáculo!
“Burlesque” não vai fazer história no cinema, mas “funda” uma nova modalidade desportiva: o Burlesco. Procurem as aulas no vosso ginásio… Pode valer a pena…
Entretanto… aqui fica a sinopse da Lusomundo: “Ali é uma rapariga de uma cidade pequena com uma voz magnífica, que escapa às dificuldades e a um futuro incerto para seguir os seus sonhos até Los Angeles. Após ter descoberto o "The Burlesque Lounge", um teatro majestoso mas em decadência, onde se representa uma revista musical inspirada, Ali arranja um emprego a servir cocktails, que lhe é concedido por Tess, a proprietária do clube e estrela principal. O chocante guarda-roupa do Burlesco e a coreografia arrojada arrebatam a jovem ingénua, que sonha representar nesse teatro um dia. Ali não tarda a fazer amizade com uma dançarina famosa, arranja uma inimiga numa artista ciumenta e problemática e conquista o afecto de Jack, um bartender e colega músico. Com a ajuda de um inteligente director de cena e um apresentador de números transsexuais, Ali passa do bar para o palco. A sua voz espectacular recupera a antiga glória do "The Burlesque Lounge", mas não antes de um empresário carismático ter entrado em cena com uma proposta tentadora...”


Classificação:
***

A Última Estação (The Last Station)

Um hino ao amor

“Após quase cinquenta anos de casamento, Sofia, a dedicada esposa, amante, musa e secretária de Leo Tolstói – ela copiou o manuscrito de Guerra e Paz seis vezes à mão - vê subitamente o seu mundo virado do avesso. Ao adoptar uma nova religião, o grande escritor russo renuncia aos seus títulos de nobreza, às suas propriedades e inclusivamente à sua família, trocando tudo pela pobreza, vegetarianismo e mesmo o celibato. Após ela lhe ter dado treze filhos. Quando Sofia descobre que o fiel discípulo de Tolstói, Chertkov - que ela despreza - pode ter persuadido secretamente o marido a assinar um novo testamento, onde deixa os direitos das suas novelas icónicas ao povo russo e não à sua própria família, é consumida por uma raiva justificada. Empregando toda a sua astúcia, todos os truques de sedução do seu considerável arsenal, Sofia luta ferozmente por aquilo que considera ser seu por direito. No entanto, quanto mais radicais são as suas acções, mais facilmente Chertkov consegue persuadir Tolstói do mal que ela fará à sua gloriosa herança.”
A complicada sinopse de “A Última Estação”, que a Lusomundo publicita, faz acreditar que o filme se dedica explorar a complexa personalidade e as ideias políticas do génio da literatura russa, Tolstói, embora do ponto de vista da amantíssima esposa. Quando, na verdade, pouco ou nada se saberá acerca do que se passaria no cérebro da complexa personalidade. O filme explora sim, embora de forma superficial, a relação de profundo amor que o une a Sofia. E só isso interessa.
A personagem mais redonda é o secretário Valentin Bulgakov (James McAvoy), que luta entre manter-se fiel aos ensinamentos do mestre ou… fazer como ele faz. As outras personagens – que deviam ser principais – morrem na praia num filme que promete muito e dá pouco. Pena que, com um elenco com Helen Mirren, Chistopher Plummer e Paul Giamatti, o melhor que se possa dizer sobre o filme é que é um ternurento hino ao amor…

Classificação:
*