Uma estória apetitosa!
Antes de Ina, antes de Rachael, antes de Emeril, existia Julia, a mulher que mudou para sempre a maneira de cozinhar da América. Mas em 1948, Julia Child era somente uma mulher americana que vivia em França. O trabalho do seu marido levou-a a Paris, e com o seu espírito incansável, Julia tinha um enorme desejo de fazer algo. Quinze anos depois, Julie Powell está estagnada. Perto dos 30, a viver em Queens e a trabalhar num cúbiculo, enquanto as suas amigas alcançam carreiras de sucesso, Julie procura um projecto para focalizar as suas energias. Decide assim passar exactamente um ano a cozinhar as 524 receitas do livro de Julia Child - "Mastering the Art of French Cooking" - e cria um blog onde relata as suas experiências.
Interessante verificar que a própria blogosfera já tem a sua própria história. Não posso deixar de assinalar a perplexidade estampada nos olhos dos que verificavam que havia gente que li e vivia aquilo que escreviamos nos blogs, incluindo a própria mãe... Que inocentes que eles eram ou nós...
As interpretações de Meryl Streep e Amy Adams - que já o ano passado arrasaram com "A Dúvida" (ver crítiva neste blog) - são refrescantes e bem humuradas. Meryl Streep com a função de nos relembrar a cozinheira/apresentadora Julia Child e Amy Adams a retratar uma jovem de 30 anos que tenta romper com a monotonia e com as suas dúvidas existenciais. Será que é desta que há Óscar?
Classificação:
****
domingo, 29 de novembro de 2009
O Solista (The Solist)
O poder da música!
Esta é uma história verídica das ruas de LA e que foi amplamente divulgada recentemente pelo programa "60 minutes". A sinopse é forte e exemplo raro de humanismo, talento. Quando o jornalista Steve Lopez vê Nathanlel Ayers a tocar de forma tão sentida o seu violino de duas cordas no Skid Row de Los Angeles, fica estupefacto. A princípio, é atraído pela oportunidade de fazer dele o tema de mais uma das suas colunas para o Los Angeles Times, mas o que descobre sobre o misterioso músico das ruas deixa-o fascinado. Há trinta anos, Ayers tinha sido um promissor aluno de contrabaixo da Juilliard School até que foi vencido por um esgotamento mental. Quando Lopez o encontra, Ayers está sozinho, profundamente perturbado e desconfia de toda a gente, mas ainda é possível vislumbrar nele resquícios desse brilho. Os dois homens aprendem a comunicar através da música. A sua amizade vai passar por momentos dolorosos, pois Lopez imagina-se capaz de convencer Ayers a abandonar as ruas de Los Angeles. Aos momentos de triunfo segue-se sempre uma desilusão, mas nenhum dos dois desiste. E, embora a intenção inicial de Lopez seja salvar Ayers, acaba por constatar que a sua própria vida mudou profundamente.
Ficou talvez por mostrar a relação que Ayers estabelecia também com o Maestro da orquestra de LA (na altura Esa-Pekka Salonen, substituído recentemente pelo jovem talentoso Gustavo Dudamel um dos responsáveis por El- sistema na Venezuela). Também o facto de Ayers tocar e ser acompanhado musicalmente por vários músicos da orquestra poderia ser mais focado e como sendo uma experiencia que agora é bem mais positiva em relação à fobia que tinha do palco quando regressou ao activo.
Jamie Foxx esteve imparável e poderá estar na lista dos nomeados dos Óscares para melhor actor principal. Robert Downey Jr. não desilude e guia toda a acção desta personagem que é rara nos dias de hoje.
O filme teve também a capacidade de me pôr a ouvir (mais uma vez) a Heróica de Beethoven durante uma semana. Esta é a 3ª Sinfonia de Beethoven dedicada ao Napoleão Bonaparte. No entanto, essa dedicatória seria apagada pelo próprio compositor quando Bonaparte partiu à conquista da Europa.
Classificação:
****
Esta é uma história verídica das ruas de LA e que foi amplamente divulgada recentemente pelo programa "60 minutes". A sinopse é forte e exemplo raro de humanismo, talento. Quando o jornalista Steve Lopez vê Nathanlel Ayers a tocar de forma tão sentida o seu violino de duas cordas no Skid Row de Los Angeles, fica estupefacto. A princípio, é atraído pela oportunidade de fazer dele o tema de mais uma das suas colunas para o Los Angeles Times, mas o que descobre sobre o misterioso músico das ruas deixa-o fascinado. Há trinta anos, Ayers tinha sido um promissor aluno de contrabaixo da Juilliard School até que foi vencido por um esgotamento mental. Quando Lopez o encontra, Ayers está sozinho, profundamente perturbado e desconfia de toda a gente, mas ainda é possível vislumbrar nele resquícios desse brilho. Os dois homens aprendem a comunicar através da música. A sua amizade vai passar por momentos dolorosos, pois Lopez imagina-se capaz de convencer Ayers a abandonar as ruas de Los Angeles. Aos momentos de triunfo segue-se sempre uma desilusão, mas nenhum dos dois desiste. E, embora a intenção inicial de Lopez seja salvar Ayers, acaba por constatar que a sua própria vida mudou profundamente.
Ficou talvez por mostrar a relação que Ayers estabelecia também com o Maestro da orquestra de LA (na altura Esa-Pekka Salonen, substituído recentemente pelo jovem talentoso Gustavo Dudamel um dos responsáveis por El- sistema na Venezuela). Também o facto de Ayers tocar e ser acompanhado musicalmente por vários músicos da orquestra poderia ser mais focado e como sendo uma experiencia que agora é bem mais positiva em relação à fobia que tinha do palco quando regressou ao activo.
Jamie Foxx esteve imparável e poderá estar na lista dos nomeados dos Óscares para melhor actor principal. Robert Downey Jr. não desilude e guia toda a acção desta personagem que é rara nos dias de hoje.
O filme teve também a capacidade de me pôr a ouvir (mais uma vez) a Heróica de Beethoven durante uma semana. Esta é a 3ª Sinfonia de Beethoven dedicada ao Napoleão Bonaparte. No entanto, essa dedicatória seria apagada pelo próprio compositor quando Bonaparte partiu à conquista da Europa.
Classificação:
****
Futebol de Causas.
Coimbra conta com mais um monumento
Foi apresentado na 3ª Mostra Internacional de Cinema em LínguaPortuguesa "Mostra Língua" o presente documentário sobre a Briosa. Ricardo Martins presenteou-nos com uma lição de academismo com um tremendo documento explicativo sobre o verdadeiro início do 25 de Abril. Assim, o documentário reflecte todo um conjunto de situações que levaram a que o jogo da final da Taça de Portugal em 69 se tornasse num dos maiores comícios anti Estado Novo (5 anos antes 25 de Abril). A revolta iniciada pelos estudantes na inauguração do Departamento das Matemáticas foi mais além através de uma equipa de bravos e lendários jogadores que, apesar de serem estudantes, mostravam em campo todo o brio e vontade de vencer.
Classificação:
Foi apresentado na 3ª Mostra Internacional de Cinema em LínguaPortuguesa "Mostra Língua" o presente documentário sobre a Briosa. Ricardo Martins presenteou-nos com uma lição de academismo com um tremendo documento explicativo sobre o verdadeiro início do 25 de Abril. Assim, o documentário reflecte todo um conjunto de situações que levaram a que o jogo da final da Taça de Portugal em 69 se tornasse num dos maiores comícios anti Estado Novo (5 anos antes 25 de Abril). A revolta iniciada pelos estudantes na inauguração do Departamento das Matemáticas foi mais além através de uma equipa de bravos e lendários jogadores que, apesar de serem estudantes, mostravam em campo todo o brio e vontade de vencer.
"Futebol de Causas" inclui assim depoimentos de "vários protagonistas" e jogadores da época, como Alberto Martins (actual ministro da Justiça e presidente da Associação Académica no início da "crise académica), Mário Wilson, Torres, entre outros. Assim este documentário é claramente mais do que futebol ou mais do que política...ele representa um marco histórico na vida dos que tudo deram pela briosa, pela academia e pela liberdade.
Classificação:
*****
terça-feira, 24 de novembro de 2009
When We were Beautiful
O segredo da longevidade
Estreou em Abril no Tribeca Film Festival 2009 e, depois de algumas exibições televisivas em canais americanos, foi distribuído em todo o mundo através da edição deluxe do 11.º álbum de originais dos Bon Jovi, “The Circle”. “When We Were Beautiful”, de Phil Griffin, conta a conturbada história da banda de New Jersey, pela primeira vez com a autorização dos protagonistas.
Depois de realizar “Donny Osmond: Live at Edindurgh Castle” e “Britney: For The Record” e de fotografar a intimidade das estrelas inúmeras vezes, Phil Griffin, passou de fotógrafo contratado para acompanhar a banda na digressão mais rentável do ano 2008 - a “Lost Highway Tour”, que teve um interregno quando a banda visitou Lisboa para actuar no festival Rock in Rio – a documentarista depois de um convite de Jon Bon Jovi e apenas – diz ele - porque este lhe garantiu que podia ser tão honesto no filme como estava a ser nas fotografias. O resultado são cerca de 90 minutos de filme a preto e branco - uma opção artística do realizador que enfatiza a seriedade da obra - onde se apresenta uma banda de senhores crescidos, metódicos e profissionais, mais do que um grupo de miúdos de 40 anos que tira prazer da música.
Para os fãs da banda não será novidade o facto de Jon Bon Jovi se auto-intitular “o CEO de uma companhia que tem gerido uma marca ao longo de 25 anos”. Mas há outras expressões e revelações emblemáticas.
Jon diz que quer “esgotar o deserto e mais do que uma vez” e que “o dia em que a mulher do baixista lhe diz quando é que pode fazer uma digressão nunca vai chegar…”. Richie Sambora, o guitarrista, fala do seu passado recente (que incluiu um internamento numa clínica de reabilitação) e a explica que o seu único objectivo é fazer o Jon feliz. Tico Torres, o baterista, assume o seu passado ligado ao álcool e mostra-se mudado e amante de arte. David Bryan, o teclista, admite não estar totalmente feliz com a liderança absoluta de Jon na banda e revela a sua felicidade por ser bem sucedido a escrever musicais, um projecto próprio.
Ao público em geral, além do fascínio pelo voyeurismo da intimidade de quatro das maiores estrelas da música internacional, interessa, talvez, perceber a dimensão do negócio da marca Bon Jovi. E se, como documentário, a obra é banal - baseando-se em entrevistas pessoais e recolha de imagens ao vivo, com algumas relíquias do passado à mistura –,para quem gosta de música ela serve como “documento histórico”: um retrato completíssimo sobre a vida, evolução e filosofia de – quer se queira, quer não - uma das mais bem sucedidas bandas do mundo.
Classificação:
****
Estreou em Abril no Tribeca Film Festival 2009 e, depois de algumas exibições televisivas em canais americanos, foi distribuído em todo o mundo através da edição deluxe do 11.º álbum de originais dos Bon Jovi, “The Circle”. “When We Were Beautiful”, de Phil Griffin, conta a conturbada história da banda de New Jersey, pela primeira vez com a autorização dos protagonistas.
Depois de realizar “Donny Osmond: Live at Edindurgh Castle” e “Britney: For The Record” e de fotografar a intimidade das estrelas inúmeras vezes, Phil Griffin, passou de fotógrafo contratado para acompanhar a banda na digressão mais rentável do ano 2008 - a “Lost Highway Tour”, que teve um interregno quando a banda visitou Lisboa para actuar no festival Rock in Rio – a documentarista depois de um convite de Jon Bon Jovi e apenas – diz ele - porque este lhe garantiu que podia ser tão honesto no filme como estava a ser nas fotografias. O resultado são cerca de 90 minutos de filme a preto e branco - uma opção artística do realizador que enfatiza a seriedade da obra - onde se apresenta uma banda de senhores crescidos, metódicos e profissionais, mais do que um grupo de miúdos de 40 anos que tira prazer da música.
Para os fãs da banda não será novidade o facto de Jon Bon Jovi se auto-intitular “o CEO de uma companhia que tem gerido uma marca ao longo de 25 anos”. Mas há outras expressões e revelações emblemáticas.
Jon diz que quer “esgotar o deserto e mais do que uma vez” e que “o dia em que a mulher do baixista lhe diz quando é que pode fazer uma digressão nunca vai chegar…”. Richie Sambora, o guitarrista, fala do seu passado recente (que incluiu um internamento numa clínica de reabilitação) e a explica que o seu único objectivo é fazer o Jon feliz. Tico Torres, o baterista, assume o seu passado ligado ao álcool e mostra-se mudado e amante de arte. David Bryan, o teclista, admite não estar totalmente feliz com a liderança absoluta de Jon na banda e revela a sua felicidade por ser bem sucedido a escrever musicais, um projecto próprio.
Ao público em geral, além do fascínio pelo voyeurismo da intimidade de quatro das maiores estrelas da música internacional, interessa, talvez, perceber a dimensão do negócio da marca Bon Jovi. E se, como documentário, a obra é banal - baseando-se em entrevistas pessoais e recolha de imagens ao vivo, com algumas relíquias do passado à mistura –,para quem gosta de música ela serve como “documento histórico”: um retrato completíssimo sobre a vida, evolução e filosofia de – quer se queira, quer não - uma das mais bem sucedidas bandas do mundo.
Classificação:
****
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
Os Irmãos Bloom (The Brothers Bloom)
Um oásis no meio do deserto
“Aventura / Comédia” é o “rótulo” do filme. A sinopse divulgada no site da Lusomundo é deslavada e errónea. O cartaz é leve, antiquado e pouco marcante. O realizador conta no currículo com apenas outros dois filmes pouco badalados… Não fossem os nomes de Adrien Brody (“O Pianista”), Rachel Weisz (“O Fiel jardineiro”) e Mark Ruffalo (“Ensaio sobre a Cegueira”) no elenco, este filme teria passado completamente despercebido do grande público.
E seria uma pena.
São 113 deliciosos minutos de cinema. É a “pedrada no charco” de um ano cinematográfico que prometia muito e deu muito pouco.
Os Bloom - Adrien Brody e Mark Ruffalo – são dois irmãos que, de lar de acolhimento em lar de acolhimento, foram aprendendo a depender apenas um do outro e encontraram uma vocação peculiar: são os melhores burlões do mundo. Penelope (Rachel Weisz) é uma jovem riquíssima e inadaptada socialmente que vai ser alvo da última burla dos dois irmãos. Mas nem tudo corre como planeado…
O guião é quase perfeito e cheio de informação visual que, muitas vezes, supera – em dados sobre as personagens e em espectacularidade - a que passa nos diálogos. Ficou a faltar, talvez, a explanação de uma conversa entre Penelope e a polícia polaca, que deixa o espectador na dúvida sobre qual a intenção do autor.
Os actores são absolutamente fabulosos e irrepreensíveis, ou não fossem dois deles vencedores de Óscares (Rachel Weisz por “O Fiel jardineiro” e Adrien Brody por “O Pianista”) e outro já nomeado para um prémio por esta actuação (Mark Ruffalo foi nomeado em 2008 como “Best Actor in a Motion Picture, Comedy or Musical” para um Satellite Award). E a extraordinária Rinko Kikuchi! Quase sem currículo em Hollywood, ela foi nomeada para um Óscar de “Best Performance by an Actress in a Supporting Role” em “Babel”. Aqui surge quase muda, mas inesquecível no papel de Bang Bang, a bombista e perita em efeitos especiais dos irmãos Bloom! As bizarras aparições de Bang Bang são o melhor do filme, só encontrando rival nas desgrenhadas (mas lindas) cenas de Rachel Wiesz.
Tudo, neste filme, é diferente da onda de cinema que invade as salas da Lusomundo todos os dias, a começar na beleza pouco estereotipada das duas fantásticas mulheres e a terminar no conjunto vasto de pequenos pormenores que enriquecem a cena e que obrigam o espectador a estar atento a todas as nuances de linguagem e às acções não declaradas das personagens.
A acção vai New Jersey a Praga (maravilhosa Praga!) e de Praga ao México, sem que o espectador consiga datar acessórios ou personagens. As roupas são clássicas. Os cenários actuais. Os carros vão do clássico ao actual. A mistura é caótica, explosiva e resulta fenomenalmente, exceptuando o look de pirata de Maximilian Schel (outro Óscar winner!) no papel de malandro russo.
O ideal seria ver este filme umas duas ou três vezes para ter a certeza que estava tudo visto e absorvido, já que há inúmeros pequenos pormenores acessórios que merecem ser decifrados com carinho e que tornam a obra inesquecível. Com todas as suas (pequenas) falhas, este não deixa de ser um filme com F (muito) grande.
Classificação:
*****
“Aventura / Comédia” é o “rótulo” do filme. A sinopse divulgada no site da Lusomundo é deslavada e errónea. O cartaz é leve, antiquado e pouco marcante. O realizador conta no currículo com apenas outros dois filmes pouco badalados… Não fossem os nomes de Adrien Brody (“O Pianista”), Rachel Weisz (“O Fiel jardineiro”) e Mark Ruffalo (“Ensaio sobre a Cegueira”) no elenco, este filme teria passado completamente despercebido do grande público.
E seria uma pena.
São 113 deliciosos minutos de cinema. É a “pedrada no charco” de um ano cinematográfico que prometia muito e deu muito pouco.
Os Bloom - Adrien Brody e Mark Ruffalo – são dois irmãos que, de lar de acolhimento em lar de acolhimento, foram aprendendo a depender apenas um do outro e encontraram uma vocação peculiar: são os melhores burlões do mundo. Penelope (Rachel Weisz) é uma jovem riquíssima e inadaptada socialmente que vai ser alvo da última burla dos dois irmãos. Mas nem tudo corre como planeado…
O guião é quase perfeito e cheio de informação visual que, muitas vezes, supera – em dados sobre as personagens e em espectacularidade - a que passa nos diálogos. Ficou a faltar, talvez, a explanação de uma conversa entre Penelope e a polícia polaca, que deixa o espectador na dúvida sobre qual a intenção do autor.
Os actores são absolutamente fabulosos e irrepreensíveis, ou não fossem dois deles vencedores de Óscares (Rachel Weisz por “O Fiel jardineiro” e Adrien Brody por “O Pianista”) e outro já nomeado para um prémio por esta actuação (Mark Ruffalo foi nomeado em 2008 como “Best Actor in a Motion Picture, Comedy or Musical” para um Satellite Award). E a extraordinária Rinko Kikuchi! Quase sem currículo em Hollywood, ela foi nomeada para um Óscar de “Best Performance by an Actress in a Supporting Role” em “Babel”. Aqui surge quase muda, mas inesquecível no papel de Bang Bang, a bombista e perita em efeitos especiais dos irmãos Bloom! As bizarras aparições de Bang Bang são o melhor do filme, só encontrando rival nas desgrenhadas (mas lindas) cenas de Rachel Wiesz.
Tudo, neste filme, é diferente da onda de cinema que invade as salas da Lusomundo todos os dias, a começar na beleza pouco estereotipada das duas fantásticas mulheres e a terminar no conjunto vasto de pequenos pormenores que enriquecem a cena e que obrigam o espectador a estar atento a todas as nuances de linguagem e às acções não declaradas das personagens.
A acção vai New Jersey a Praga (maravilhosa Praga!) e de Praga ao México, sem que o espectador consiga datar acessórios ou personagens. As roupas são clássicas. Os cenários actuais. Os carros vão do clássico ao actual. A mistura é caótica, explosiva e resulta fenomenalmente, exceptuando o look de pirata de Maximilian Schel (outro Óscar winner!) no papel de malandro russo.
O ideal seria ver este filme umas duas ou três vezes para ter a certeza que estava tudo visto e absorvido, já que há inúmeros pequenos pormenores acessórios que merecem ser decifrados com carinho e que tornam a obra inesquecível. Com todas as suas (pequenas) falhas, este não deixa de ser um filme com F (muito) grande.
Classificação:
*****
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
2012 (2012)
O pior filme do ano
Sala cheia. Pipocas no corredores logo no início da sessão. O zumbido permanente de cerca de 300 pessoas expectantes. Nem um lugar vazio. Não havia grandes dúvidas de que eu ia ver um blockbuster…
Fora exactamente o constante sinal de “Esgotado” que me fez querer ver aquele filme. Afinal, qual é o apelo que o público tem por cinema catástrofe?
…A pergunta permanece…
Roland Emmerich só dirige blockbusters - “10 000 BC”, “The Day After tomorrow”, “The Patriot”, “Godzilla”, “Independence Day”, “Stargate”, etc., etc., etc. E até agora, até tinha conseguido encontrar um equilíbrio entre os elementos do cinema espectáculo e os necessários à realização de boa história... Mas desta vez falhou redondamente e em quase tudo.
A audiência, que devia ficar suspensa nas cenas mais dramática, ri-se delas. Não há paciência para tantos clichés. Tentar impingir cenas em que um bimotor, pilotado por uma pessoa inexperiente, atravessa as ruínas de um prédio a cair e sai ileso, trazendo lá dentro as únicas pessoas que sobrevivem a uma Los Angeles transformada em Inferno e que sobreviverão ainda a quase tudo o que o espectador puder imaginar de destrutivo… é demais. Essa fase acabou nas séries de super-heróis de – sei lá! - 1985 e, mesmo nessa altura, não era nada a que se colocasse um “selo de qualidade”…
O público foi absolutamente menosprezado, os actores sacrificados, todo o pessoal que esteve dentro da sala de montagem devia ser fuzilado e o guionista devia ter vergonha de assinar tal “coisa”. É que esforçaram-se MESMO para fazer um filme MAU!
Ainda gostava de saber como é que “aquilo” passou nos screening tests. Seriam adolescentes de 13 anos a dar pontuação? É que nem esses – crédulos, simpáticos, ávidos de emoções - deixaram de sorrir naquela sala escura!
Se fosse a pontuação para o pior filme do ano, eu daria DEZ estrelas a “isto”. Como não é, leva uma estrelita, pelo esforço dos actores (destaque para o louco de Woody Harrelson: talvez por ser louca foi a única personagem credível!) e porque seguramente houve quem - desgraçado - trabalhasse que se desunhasse para fazer aquela - tenho de o dizer! - bela bosta!
Classificação:
*
Sala cheia. Pipocas no corredores logo no início da sessão. O zumbido permanente de cerca de 300 pessoas expectantes. Nem um lugar vazio. Não havia grandes dúvidas de que eu ia ver um blockbuster…
Fora exactamente o constante sinal de “Esgotado” que me fez querer ver aquele filme. Afinal, qual é o apelo que o público tem por cinema catástrofe?
…A pergunta permanece…
Roland Emmerich só dirige blockbusters - “10 000 BC”, “The Day After tomorrow”, “The Patriot”, “Godzilla”, “Independence Day”, “Stargate”, etc., etc., etc. E até agora, até tinha conseguido encontrar um equilíbrio entre os elementos do cinema espectáculo e os necessários à realização de boa história... Mas desta vez falhou redondamente e em quase tudo.
A audiência, que devia ficar suspensa nas cenas mais dramática, ri-se delas. Não há paciência para tantos clichés. Tentar impingir cenas em que um bimotor, pilotado por uma pessoa inexperiente, atravessa as ruínas de um prédio a cair e sai ileso, trazendo lá dentro as únicas pessoas que sobrevivem a uma Los Angeles transformada em Inferno e que sobreviverão ainda a quase tudo o que o espectador puder imaginar de destrutivo… é demais. Essa fase acabou nas séries de super-heróis de – sei lá! - 1985 e, mesmo nessa altura, não era nada a que se colocasse um “selo de qualidade”…
O público foi absolutamente menosprezado, os actores sacrificados, todo o pessoal que esteve dentro da sala de montagem devia ser fuzilado e o guionista devia ter vergonha de assinar tal “coisa”. É que esforçaram-se MESMO para fazer um filme MAU!
Ainda gostava de saber como é que “aquilo” passou nos screening tests. Seriam adolescentes de 13 anos a dar pontuação? É que nem esses – crédulos, simpáticos, ávidos de emoções - deixaram de sorrir naquela sala escura!
Se fosse a pontuação para o pior filme do ano, eu daria DEZ estrelas a “isto”. Como não é, leva uma estrelita, pelo esforço dos actores (destaque para o louco de Woody Harrelson: talvez por ser louca foi a única personagem credível!) e porque seguramente houve quem - desgraçado - trabalhasse que se desunhasse para fazer aquela - tenho de o dizer! - bela bosta!
Classificação:
*
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
Pare, Escute, Olhe (Pare, Escute, Olhe)
Dar voz a quem não a tem
Era com grande expectativa que eu aguardava o segundo filme de Jorge Pelicano. Vi “Ainda Há Pastores?” e, como o realizador (camaraman da SIC), apercebi-me de que há mais histórias no designado “Portugal profundo” que valem a pena ser exploradas (no bom sentido, claro!). Nesse filme, o autor soube tão bem revelar a vida dos pastores da Serra da Estrela, com o respeito e a ternura que se impunham, mas sem por isso deixar de mostrar com crueza da realidade, que eu contava os minutos para ver a sua nova obra.
Perdida a oportunidade de ver o filme no “Doc Lisboa”, esfreguei as mãos de contente quando ele viajou até Coimbra para o “MostraLingua2009” (http://www.mostralingua.org/) e lá fui.
A delicadeza continua. O vício de colocar “as personagens” (que são reais, sempre gente humilde) a contar a sua história sem filtro também. Não há paternalismos, nem desculpas, nem expectativas. É tudo cru. Como na obra anterior não há narrador, nem explicações, nem ninguém que ajude o espectador a seguir a linha de raciocínio do autor. E essa é a melhor parte, porque o público estabelece de imediato uma relação com os intervenientes e segue-os, espera-os, ouve-os. Decide por si quais são as características de uns e de outros e o que pode esperar deles. E, no fim, a ternura por aquelas “personagens” fica colada à pele.
Nesta obra, a Linha do Tua funciona como protagonista. (E quem quer ver um filme sobre a Linha do Tua, perguntará o público dos cinemas Lusomundo? E a minha resposta é: Experimentem! Experimentem e depois conversamos…) Entre Bragança e Foz Tua, o filme mostra duas realidades distintas da linha: o troço desactivado o e o troço activo. No primeiro, os comboios já não circulam e os autocarros que os vieram substituir há muito que desapareceram. As aldeias ficaram sem um único transporte público, isoladas. No troço activo, o anúncio da construção de uma barragem no Foz Tua, encaixada num património natural e ambiental único, ameaça o que resta da centenária linha.
O que começa como uma visão profunda da realidade em que vive aquela população (gente envelhecida, cujos filhos e netos há muito optaram, na maioria dos casos, por partir para o estrangeiro), transforma-se, à medida que o filme a avança, numa opção clara do autor pela defesa da linha. Os argumentos pró e contra são apresentados com igual direito de antena, mas, de alguma forma, uns são deitados por terra (por comparações com o estrangeiro ou contradições de palavras de políticos), outros recolhem apoios em imagens e depoimentos sentidos.
Talvez por defeito profissional (por ter sido jornalista), tenho de admitir que me chateia ver documentários em que me tentam manipular. Mas sei que os que são supostamente isentos estão em vias de extinção e imagino que vou ter de me habituar aos outros... Desconfio até que, na época em que vivemos (política, económica, global), começam a ser necessárias as vozes que explicam ao público quais as soluções disponíveis e por qual delas optar, já que, cada vez mais, vivemos num mundo de alienados e as causas têm - também elas - de estar pré-fabricadas.
A Linha do Tua é uma causa digna. Neste caso, provavelmente, nem era necessária essa “manipulação”. A opção pela defesa do património natural já começa a ter mais adeptos do que a desculpa do progresso para destruir rios e montanhas, quintas e vidas...
Seja como for, o Jorge Pelicano convenceu-me. Mas mais do que me convencer (a mim ou qualquer outra pessoa) a apoiar uma causa, tem o mérito inigualável de ter dado voz a quem não a tem, de ter mostrado um património extraordinário e desconhecido de muitos portugueses e de ter feito justiça ao lutar por quem já está cansado de ser saco de pancada. Talvez seja disso “que o país precisa”...
Em última análise, os ingrediente que me fizeram cair de amores pela primeira obra deste realizador mantêm-se na actual. E, com causas ou sem elas, a expectativa para continuar a ver filmes do mesmo autor permaneceu.
Os meus sinceros parabéns a toda a equipa que dedicou o seu tempo a dar voz às gentes do Tua.
Classificação:
****
Era com grande expectativa que eu aguardava o segundo filme de Jorge Pelicano. Vi “Ainda Há Pastores?” e, como o realizador (camaraman da SIC), apercebi-me de que há mais histórias no designado “Portugal profundo” que valem a pena ser exploradas (no bom sentido, claro!). Nesse filme, o autor soube tão bem revelar a vida dos pastores da Serra da Estrela, com o respeito e a ternura que se impunham, mas sem por isso deixar de mostrar com crueza da realidade, que eu contava os minutos para ver a sua nova obra.
Perdida a oportunidade de ver o filme no “Doc Lisboa”, esfreguei as mãos de contente quando ele viajou até Coimbra para o “MostraLingua2009” (http://www.mostralingua.org/) e lá fui.
A delicadeza continua. O vício de colocar “as personagens” (que são reais, sempre gente humilde) a contar a sua história sem filtro também. Não há paternalismos, nem desculpas, nem expectativas. É tudo cru. Como na obra anterior não há narrador, nem explicações, nem ninguém que ajude o espectador a seguir a linha de raciocínio do autor. E essa é a melhor parte, porque o público estabelece de imediato uma relação com os intervenientes e segue-os, espera-os, ouve-os. Decide por si quais são as características de uns e de outros e o que pode esperar deles. E, no fim, a ternura por aquelas “personagens” fica colada à pele.
Nesta obra, a Linha do Tua funciona como protagonista. (E quem quer ver um filme sobre a Linha do Tua, perguntará o público dos cinemas Lusomundo? E a minha resposta é: Experimentem! Experimentem e depois conversamos…) Entre Bragança e Foz Tua, o filme mostra duas realidades distintas da linha: o troço desactivado o e o troço activo. No primeiro, os comboios já não circulam e os autocarros que os vieram substituir há muito que desapareceram. As aldeias ficaram sem um único transporte público, isoladas. No troço activo, o anúncio da construção de uma barragem no Foz Tua, encaixada num património natural e ambiental único, ameaça o que resta da centenária linha.
O que começa como uma visão profunda da realidade em que vive aquela população (gente envelhecida, cujos filhos e netos há muito optaram, na maioria dos casos, por partir para o estrangeiro), transforma-se, à medida que o filme a avança, numa opção clara do autor pela defesa da linha. Os argumentos pró e contra são apresentados com igual direito de antena, mas, de alguma forma, uns são deitados por terra (por comparações com o estrangeiro ou contradições de palavras de políticos), outros recolhem apoios em imagens e depoimentos sentidos.
Talvez por defeito profissional (por ter sido jornalista), tenho de admitir que me chateia ver documentários em que me tentam manipular. Mas sei que os que são supostamente isentos estão em vias de extinção e imagino que vou ter de me habituar aos outros... Desconfio até que, na época em que vivemos (política, económica, global), começam a ser necessárias as vozes que explicam ao público quais as soluções disponíveis e por qual delas optar, já que, cada vez mais, vivemos num mundo de alienados e as causas têm - também elas - de estar pré-fabricadas.
A Linha do Tua é uma causa digna. Neste caso, provavelmente, nem era necessária essa “manipulação”. A opção pela defesa do património natural já começa a ter mais adeptos do que a desculpa do progresso para destruir rios e montanhas, quintas e vidas...
Seja como for, o Jorge Pelicano convenceu-me. Mas mais do que me convencer (a mim ou qualquer outra pessoa) a apoiar uma causa, tem o mérito inigualável de ter dado voz a quem não a tem, de ter mostrado um património extraordinário e desconhecido de muitos portugueses e de ter feito justiça ao lutar por quem já está cansado de ser saco de pancada. Talvez seja disso “que o país precisa”...
Em última análise, os ingrediente que me fizeram cair de amores pela primeira obra deste realizador mantêm-se na actual. E, com causas ou sem elas, a expectativa para continuar a ver filmes do mesmo autor permaneceu.
Os meus sinceros parabéns a toda a equipa que dedicou o seu tempo a dar voz às gentes do Tua.
Classificação:
****
quinta-feira, 5 de novembro de 2009
Michael Jackson’s This Is It
A Terra do Nunca
Claro que podemos criticar a ousadia da Columbia Pictures ou da AEG Live por nos tentar enganar com a história do “for two weeks only” e depois esticarem a apresentação por mais uma semana devido “ao sucesso do filme”. Também podemos argumentar que estamos fartos “de levar” com o mito Michael Jackson e pedir aos céus que TODA a gente decida simplesmente deixá-lo descansar em Paz. E até sabemos que existe, de facto, muito respeito pelo trabalho do artista, mas que o que todos procuram agora é ganhar o seu quinhão com a memória dele… Mas o que podíamos fazer? Ignorar o filme…?
Claro que não! Fomos vê-lo. …E ainda bem.
Conclusão número 1 de quem não era fã: Não, Michael Jackson não era um ser doente e debilitado na altura da sua morte! Nem por sombras!!!
Conclusão número 2 de quem não era fã: Aquilo que está nos álbuns ou nos registos ao vivo é MJ em estado puro, sem grandes produções, escamoteações ou operações de estética. Ele era daqueles artistas que já não se fabricam: autêntico! E nem a espectacularidade de fatos ou cenários altera isso.
Conclusão número 3 de quem não era fã: O homem era um Artista com A grande. Cada acorde, cada passo de dança, cada respiração de um show tinha o seu cunho pessoal e a sua preocupação suprema era dar aos fãs aquilo que esperavam, sim!, mas, se possível, também o melhor espectáculo do mundo. TUDO o Jackson fazia, do que vestia ao que dizia, tinha a preocupação suprema de: fazer arte, agradar aos fãs ou passar uma mensagem positiva.
Em 100 minutos, número a número, através de uma montagem exímia que une ensaios a resultados finais de sequências multimédia criadas especificamente para aquele propósito, a assistência vê o espectáculo desenhado para ser oferecido aos fãs nas 50 datas agendadas para a O2 de Londres no Verão passado. E teria sido um espectáculo absolutamente soberbo, tal como MJ era um artista soberbo!
A partir do momento em que a morte democratizou o seu reportório e mitigou os fait divers que distraíam o público do que verdadeiramente interessava - a obra -, ser ou não fã de Jackson deixou de estar em causa. Goste-se ou não, há que admitir que o homem era um daqueles raros seres iluminados pelo talento que, ao mexer músculos ou cordas vocais de forma natural, largava pelo mundo pérolas e mais pérolas…
Não o sabia antes - ou melhor, nem tinha qualquer preocupação em sabê-lo - mas depois de milhares de horas de documentários e notícias de TV até eu me rendi ao talento de Michael Jackson, contrariando os mais ferozes críticos que, seguramente, não sabiam lidar com quem é inimitável ou cujo nível de talento dificilmente é atingível. E depois de 100 minutos de ensaios, passos, notas, sugestões e conversas, sem conseguir tirar os olhos do ecrã por um segundo que fosse, saí do cinema com uma certeza: o que eu não teria dado agora para ser uma mosquinha na O2 no Verão passado, não tivesse a tragédia roubado o Peter Pan prematuramente do mundo dos vivos…
Classificação:
*****
Claro que podemos criticar a ousadia da Columbia Pictures ou da AEG Live por nos tentar enganar com a história do “for two weeks only” e depois esticarem a apresentação por mais uma semana devido “ao sucesso do filme”. Também podemos argumentar que estamos fartos “de levar” com o mito Michael Jackson e pedir aos céus que TODA a gente decida simplesmente deixá-lo descansar em Paz. E até sabemos que existe, de facto, muito respeito pelo trabalho do artista, mas que o que todos procuram agora é ganhar o seu quinhão com a memória dele… Mas o que podíamos fazer? Ignorar o filme…?
Claro que não! Fomos vê-lo. …E ainda bem.
Conclusão número 1 de quem não era fã: Não, Michael Jackson não era um ser doente e debilitado na altura da sua morte! Nem por sombras!!!
Conclusão número 2 de quem não era fã: Aquilo que está nos álbuns ou nos registos ao vivo é MJ em estado puro, sem grandes produções, escamoteações ou operações de estética. Ele era daqueles artistas que já não se fabricam: autêntico! E nem a espectacularidade de fatos ou cenários altera isso.
Conclusão número 3 de quem não era fã: O homem era um Artista com A grande. Cada acorde, cada passo de dança, cada respiração de um show tinha o seu cunho pessoal e a sua preocupação suprema era dar aos fãs aquilo que esperavam, sim!, mas, se possível, também o melhor espectáculo do mundo. TUDO o Jackson fazia, do que vestia ao que dizia, tinha a preocupação suprema de: fazer arte, agradar aos fãs ou passar uma mensagem positiva.
Em 100 minutos, número a número, através de uma montagem exímia que une ensaios a resultados finais de sequências multimédia criadas especificamente para aquele propósito, a assistência vê o espectáculo desenhado para ser oferecido aos fãs nas 50 datas agendadas para a O2 de Londres no Verão passado. E teria sido um espectáculo absolutamente soberbo, tal como MJ era um artista soberbo!
A partir do momento em que a morte democratizou o seu reportório e mitigou os fait divers que distraíam o público do que verdadeiramente interessava - a obra -, ser ou não fã de Jackson deixou de estar em causa. Goste-se ou não, há que admitir que o homem era um daqueles raros seres iluminados pelo talento que, ao mexer músculos ou cordas vocais de forma natural, largava pelo mundo pérolas e mais pérolas…
Não o sabia antes - ou melhor, nem tinha qualquer preocupação em sabê-lo - mas depois de milhares de horas de documentários e notícias de TV até eu me rendi ao talento de Michael Jackson, contrariando os mais ferozes críticos que, seguramente, não sabiam lidar com quem é inimitável ou cujo nível de talento dificilmente é atingível. E depois de 100 minutos de ensaios, passos, notas, sugestões e conversas, sem conseguir tirar os olhos do ecrã por um segundo que fosse, saí do cinema com uma certeza: o que eu não teria dado agora para ser uma mosquinha na O2 no Verão passado, não tivesse a tragédia roubado o Peter Pan prematuramente do mundo dos vivos…
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*****
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