Ora, aqui está a desilusão do ano! Não, não me refiro a Mickey Rourke. Ele é brilhante neste retrato de um wrestler decadente. Só não sabemos quanto daquela personagem é Mickey Rourke e quanto daquilo é um construção de um grande actor… Refiro-me ao filme em si e a todas as expectativas criadas em torno dele.
Sim, é um bom retrato, cru e perturbador, de uma América que cria ídolos e os deixa cair sem respeito pelo passado e de um homem para quem o sonho americano não resultou em pleno (e aqui estou quase a citar os críticos profissionais!), mas não é nada mais do que isso. Ou seja, a viagem emocional é mínima, a informação sobre as personagens é mínima - embora consigamos perceber, talvez por conhecermos os estereótipos, quem são - e a evolução de todos os elementos é nula. É um filme triste, contido, enervante (aquela câmara sempre nas costas das personagens chegou ao ponto de enjoar), que nos deixa na dúvida sobre se devemos ter absoluta empatia com a personagem (é isso que o filme sugere) ou considerá-la um idiota chapado, que não aprende com os erros, não tem força para mudar e que não cresce, nem quando já tem idade para “ter juízo”.
A forma crua de filmar e dar a conhecer as vicissitudes de um desporto que todos julgávamos “de mentirinha” (ler com sotaque) e a construção de uma personagem sólida e consistente merecem elogios. De resto, não corresponde às expectativas… que, na verdade, eram MUITO altas...
Classificação:
***