O que espera de “Marley & Eu”? …Eu não esperava mais do que um filmezinho descontraído e bem disposto, com um cachorro irresistível e amoroso, no fundo, um retrato fiel de um bestseller despretensioso que eu não li. E foi isso que obtive.
Jannifer Aniston e Owen Wilson garantiam beleza e boa disposição e um monte de labradores (que interpretaram Marly desde o berço até à velhice) prometiam momentos de ternura. Não me enganei.
O filme concentra as atenções nas peripécias de um labrador irreverente que começa por ser apelidado de “o pior cão do mundo” e acaba por chegar a ser o elemento central de uma família coesa, em torno do qual todos giram, com mais ou menos benevolência e mais ou menos carinho, mas sempre tendo-o como o centro das atenções (o bicho faz por isso!). Ou seja, acompanhamos o percurso de Marly como parte integrante de uma família e não como um apêndice dispensável. Não é um filme sobre o amor aos animais, mas faz mais por essa mensagem do que todos os panfletos e campanhas da agressiva PETA (People for the Ethical Treatment of Animals).
E não há muito mais a dizer sobre “Marly & Eu”. A realização não se nota, nem a fotografia, nem a cinematografia. Os cenários são banais e competentes, cumprindo as funções pouco exigentes que lhes eram exigidas. O guião é simples e eficaz ou não tivesse por base os escritos de um jornalista. Aliás, talvez mereça referência o retrato da insatisfação do dono de Marly como jornalista. É uma side story simples, coerente, fiel à possível realidade de John Grogan. O mesmo para o retrato das crises e motivos de discórdia de um casamento entre duas pessoas que se amam. Bem escrito, sem momentos demasiado catárticos, mas com algumas lições.
No fundo, apesar de não ser um filme memorável, tudo é eficaz… e perfeitamente olvidável. Excepto, talvez, o cão e as frases finais, que numa tentativa de fazer o closure de um filme descontraído com uma espécie de resumo moral (tentação muitas vezes criminosa e que resulta em rotundos falhanços!), nos lembra que não há muitas pessoas que nos amem incondicionalmente e que nos fazem sentir especiais, mas há muitos animais que o fazem. Perfeito final para os animal lovers. …É o meu caso.
Classificação:
***
sexta-feira, 27 de março de 2009
quarta-feira, 25 de março de 2009
Milk (Milk)
Faço minhas as palavras do Primeiro-Ministro José Sócrates! Calma, não estamos a falar de política… Estamos a falar de filmes: Vão ver o “Milk”! Vale mesmo a pena!
Sean Penn é brilhante, incrível, soberbo, fantástico! Qualquer elogio fica aquém daquela interpretação. Ele foi PERFEITO, com maiúsculas. Já nem me lembro dele sem ser um gay orgulhoso. Se é straight, depois disto ninguém diria!
E os elogios ao filme não se resumem a Penn. É tudo bom. Bem delineado. Bem conseguido. Eficaz.
Este filme, sim, é uma biografia, da personagem Harvey Milk e da luta pelos direitos dos homossexuais. Acompanhamos Harvey desde que ele é um gay reprimido em Nova Iorque e se apaixona pelo companheiro que o faz mudar de vida, até ao seu momento final, já no congresso Norte Americano como senador por São Francisco e através de uma vida recheada de momento decisivos e cheios de determinação.
O elenco é brilhante nas suas interpretações. Até as personagens mais exuberantes são humanamente realistas. O guião é despretensioso e eficaz, tornando os momentos climáticos em peças naturais que se vão encaixando no puzzle, sem qualquer sensacionalismo ou aproveitamento gratuito. E Gus VanSant, sempre sem medo de mostrar as cenas mais cruas, leva-nos apenas aos limites do desconforto, não chegando a ultrapassá-los. Não podemos esquecer que estamos a falar de homossexualidade. E, mesmo depois de Brokeback Mountain, o pudor e o preconceito em revelar momentos íntimos entre dois homens mantêm-se no cinema. Mas não neste filme.
Em resumo, só não mereceu o Óscar de Melhor Filme porque apareceu o surpreendente “Slumdog Millionaire”…
Classificação:
*****
Sean Penn é brilhante, incrível, soberbo, fantástico! Qualquer elogio fica aquém daquela interpretação. Ele foi PERFEITO, com maiúsculas. Já nem me lembro dele sem ser um gay orgulhoso. Se é straight, depois disto ninguém diria!
E os elogios ao filme não se resumem a Penn. É tudo bom. Bem delineado. Bem conseguido. Eficaz.
Este filme, sim, é uma biografia, da personagem Harvey Milk e da luta pelos direitos dos homossexuais. Acompanhamos Harvey desde que ele é um gay reprimido em Nova Iorque e se apaixona pelo companheiro que o faz mudar de vida, até ao seu momento final, já no congresso Norte Americano como senador por São Francisco e através de uma vida recheada de momento decisivos e cheios de determinação.
O elenco é brilhante nas suas interpretações. Até as personagens mais exuberantes são humanamente realistas. O guião é despretensioso e eficaz, tornando os momentos climáticos em peças naturais que se vão encaixando no puzzle, sem qualquer sensacionalismo ou aproveitamento gratuito. E Gus VanSant, sempre sem medo de mostrar as cenas mais cruas, leva-nos apenas aos limites do desconforto, não chegando a ultrapassá-los. Não podemos esquecer que estamos a falar de homossexualidade. E, mesmo depois de Brokeback Mountain, o pudor e o preconceito em revelar momentos íntimos entre dois homens mantêm-se no cinema. Mas não neste filme.
Em resumo, só não mereceu o Óscar de Melhor Filme porque apareceu o surpreendente “Slumdog Millionaire”…
Classificação:
*****
segunda-feira, 23 de março de 2009
Che: Primeira Parte - O Argentino (Che: Part 1)
“O Argentino” não é a biografia de Che, é a biografia da revolução Cubana. Neste filme, Steven Soderbergh consegue esquecer-se do seu estilo, perder uma boa história e passar ao lado do cerne de uma personagem icónica que tinha tudo para cativar o público. Há quem espere pela segunda parte da obra para decidir se é boa ou má... Eu não tenho ilusões de que essa possa vir a salvar o emaranhado de batalhas e personagens sem história com que o realizador nos aborreceu nestas duas horas e picos de filme.
Benicio del Toro safa-se. Safa-se, não! Na verdade, é brilhante ao confundir-se com o ícone que estamos habituados a ver em t-shirts e bandeiras desde os tempos de liceu. Pena é que não lhe tenham permitido interpretar um Che com emoções genuínas, em vez de escrúpulos cirurgicamente estudados para nos dar a ideia de um homem recto e justo. Aquele Che é totalmente falso como ser humano. E Benicio não tem culpa disso.
Dissecando… O início do filme cheio de legendas escritas a branco - cujo objectivo é levar-nos de trás para a frente no tempo entre a Cidade do México dos anos 50, onde ainda apenas se discute a possibilidade da revolução, e a Nova Iorque de 1964, onde Che vai discursar nas Nações Unidas - em vez de nos deixar entrar serenamente na história, confunde-nos, chateia-nos e começa logo a colocar à prova a nossa paciência. Depois seguem-se uma série de imagens, sem história, em que Che já se encontra na selva Cubana a lutar por um país que não é o seu. A conversa com Fidel Castro, na Cidade do México, cronologicamente antecedente à decisão de se entregar à causa cubana, não nos explica quem é Che e porque é que um médico argentino com uma vida estruturada no México (que inclui mulher e filha) decide tornar-se guerrilheiro e lutar por uma pátria que não é sua. Não explica porque é que Ernesto Guevara tem uma mente megalómana e quer levar a revolução “a toda a América”.
Este “Argentino” é cubano quase desde início, quando é aliciado por um Fidel Castro, mais jovem e efeminado, apresentado já como “a” esperança para uma Cuba oprimida pela ditadura de Baptista. Aliás, quem quer saber, com rigor, quem são aquelas personagens todas, é bom que leia bastante, que google diligentemente a história da revolução cubana antes de se deslocar ao cinema ou saíra de lá como entrou…
Em resumo… Não conhecemos o passado, as motivações, as questões morais nem as paixões desta espécie de homens rectos e determinados, que se vão confundindo e que nos vão levando através de uma sequência de batalhas, do mato para as cidades cubanas, enquanto se aproximam de Havana para perpetrar o famoso golpe de estado. Sabemos que são bravos soldados dedicados à causa e sabemos que Fidel vai estabelecendo acordos políticos com outros grupos rebeldes, cujas pretensões e ideias nos são apresentados em meros segundos, sem que fiquemos a saber se devemos prestar-lhes atenção ou se não mais vão interessar para a história. Aquela sequência de batalhas datadas interessarão, eventualmente, aos cubanos e menos aos milhões de fãs de Che e ainda menos aos que se deslocaram ao cinema dispostos a deixarem-se fascinar por esta personagem marcante.
A luz surge após hora e meia de filme (ou coisa que o valha), quando a batalha está à porta de Havana e uma personagem feminina surge para nos questionar acerca do futuro amoroso de Che. Não é apenas ela que o consegue, mas é neste ponto da história que começa a haver um envolvimento emocional com o público, que começa a haver uma coerência naquela retrato e uma identificação mais segura das personagens. Mas é, sem dúvida, tarde demais...
…Continuo à espera de perceber quem era Ernesto Guevara. Mas já perdi a esperança de ter Soderbergh a elucidar-me. Será que me vou dar ao trabalho de ir ver se me enganei?
Benicio del Toro safa-se. Safa-se, não! Na verdade, é brilhante ao confundir-se com o ícone que estamos habituados a ver em t-shirts e bandeiras desde os tempos de liceu. Pena é que não lhe tenham permitido interpretar um Che com emoções genuínas, em vez de escrúpulos cirurgicamente estudados para nos dar a ideia de um homem recto e justo. Aquele Che é totalmente falso como ser humano. E Benicio não tem culpa disso.
Dissecando… O início do filme cheio de legendas escritas a branco - cujo objectivo é levar-nos de trás para a frente no tempo entre a Cidade do México dos anos 50, onde ainda apenas se discute a possibilidade da revolução, e a Nova Iorque de 1964, onde Che vai discursar nas Nações Unidas - em vez de nos deixar entrar serenamente na história, confunde-nos, chateia-nos e começa logo a colocar à prova a nossa paciência. Depois seguem-se uma série de imagens, sem história, em que Che já se encontra na selva Cubana a lutar por um país que não é o seu. A conversa com Fidel Castro, na Cidade do México, cronologicamente antecedente à decisão de se entregar à causa cubana, não nos explica quem é Che e porque é que um médico argentino com uma vida estruturada no México (que inclui mulher e filha) decide tornar-se guerrilheiro e lutar por uma pátria que não é sua. Não explica porque é que Ernesto Guevara tem uma mente megalómana e quer levar a revolução “a toda a América”.
Este “Argentino” é cubano quase desde início, quando é aliciado por um Fidel Castro, mais jovem e efeminado, apresentado já como “a” esperança para uma Cuba oprimida pela ditadura de Baptista. Aliás, quem quer saber, com rigor, quem são aquelas personagens todas, é bom que leia bastante, que google diligentemente a história da revolução cubana antes de se deslocar ao cinema ou saíra de lá como entrou…
Em resumo… Não conhecemos o passado, as motivações, as questões morais nem as paixões desta espécie de homens rectos e determinados, que se vão confundindo e que nos vão levando através de uma sequência de batalhas, do mato para as cidades cubanas, enquanto se aproximam de Havana para perpetrar o famoso golpe de estado. Sabemos que são bravos soldados dedicados à causa e sabemos que Fidel vai estabelecendo acordos políticos com outros grupos rebeldes, cujas pretensões e ideias nos são apresentados em meros segundos, sem que fiquemos a saber se devemos prestar-lhes atenção ou se não mais vão interessar para a história. Aquela sequência de batalhas datadas interessarão, eventualmente, aos cubanos e menos aos milhões de fãs de Che e ainda menos aos que se deslocaram ao cinema dispostos a deixarem-se fascinar por esta personagem marcante.
A luz surge após hora e meia de filme (ou coisa que o valha), quando a batalha está à porta de Havana e uma personagem feminina surge para nos questionar acerca do futuro amoroso de Che. Não é apenas ela que o consegue, mas é neste ponto da história que começa a haver um envolvimento emocional com o público, que começa a haver uma coerência naquela retrato e uma identificação mais segura das personagens. Mas é, sem dúvida, tarde demais...
…Continuo à espera de perceber quem era Ernesto Guevara. Mas já perdi a esperança de ter Soderbergh a elucidar-me. Será que me vou dar ao trabalho de ir ver se me enganei?
Classificação:
**
terça-feira, 17 de março de 2009
Valquíria (Valkyrie)
Num ano de grandes filmes, este é aquele que, talvez injustamente, “passou ao lado” de muita gente. E ou Tom Cruise está com a popularidade mesmo muito em baixo ou não há motivos para ignorar esta película.
A história é aliciante (uma conspiração na Alemanha dos anos 40 para matar o Führer), os actores são excelentes (além de Tom Cruise no papel principal, o de Coronel Claus von Stauffenberg, temos, por exemplo, um sempre competente Kenneth Branagh e um absolutamente surpreendente Bill Nighty no papel de um seriíssimo general alemão!), a realização de Bryan Singer é sóbria e capaz… A crítica terá sido, por isso, demasiado dura com este filme ao arrasá-lo completamente…
Mas nem tudo são rosas, obviamente. E os “pontos contra” também existem…
Para começar, todos sabemos como termina história, no entanto, isso nunca impediu ninguém de fazer um bom filme (Titanic é o exemplo gasto disso mesmo!). Talvez fosse interessante ter um pouco mais de emoção na forma como Bryan Singer filma a história, mas… transformar este filme sóbrio e interessante num thriller descarado desvalorizaria mais o resultado final do que acrescentaria valor, parece-me… Agora… aquela solução de começar com um Tom Cruise sério e convincente a falar alemão para passar para o inglês é arcaica e desinteressante, conseguindo arrancar um sorriso de cepticismo logo no início… Mas o que, claramente, falta é um pouco de contextualização sobre quem são os homens que querem matar Hitler e como é possível que sobrevivam de forma tão ostensiva na Alemanha nazi.
Feitas as contas, o filme recomenda-se. A surpresa de uma história diferente num contexto histórico que todos julgamos conhecer, as interpretações dos fantásticos actores e o sucesso em manter o público respeitoso e reverente perante aquelas figuras distintas e corajosas fazem com que valha a pena pagar um bilhete. E, no fundo, esse é o derradeiro teste…
Classificação:
***
A história é aliciante (uma conspiração na Alemanha dos anos 40 para matar o Führer), os actores são excelentes (além de Tom Cruise no papel principal, o de Coronel Claus von Stauffenberg, temos, por exemplo, um sempre competente Kenneth Branagh e um absolutamente surpreendente Bill Nighty no papel de um seriíssimo general alemão!), a realização de Bryan Singer é sóbria e capaz… A crítica terá sido, por isso, demasiado dura com este filme ao arrasá-lo completamente…
Mas nem tudo são rosas, obviamente. E os “pontos contra” também existem…
Para começar, todos sabemos como termina história, no entanto, isso nunca impediu ninguém de fazer um bom filme (Titanic é o exemplo gasto disso mesmo!). Talvez fosse interessante ter um pouco mais de emoção na forma como Bryan Singer filma a história, mas… transformar este filme sóbrio e interessante num thriller descarado desvalorizaria mais o resultado final do que acrescentaria valor, parece-me… Agora… aquela solução de começar com um Tom Cruise sério e convincente a falar alemão para passar para o inglês é arcaica e desinteressante, conseguindo arrancar um sorriso de cepticismo logo no início… Mas o que, claramente, falta é um pouco de contextualização sobre quem são os homens que querem matar Hitler e como é possível que sobrevivam de forma tão ostensiva na Alemanha nazi.
Feitas as contas, o filme recomenda-se. A surpresa de uma história diferente num contexto histórico que todos julgamos conhecer, as interpretações dos fantásticos actores e o sucesso em manter o público respeitoso e reverente perante aquelas figuras distintas e corajosas fazem com que valha a pena pagar um bilhete. E, no fundo, esse é o derradeiro teste…
Classificação:
***
segunda-feira, 9 de março de 2009
O Leitor (The Reader)
Minhas senhoras e meus senhores, vamos todos tirar o chapéu a Kate Winslet!! Para quem pensa ela é só mais uma cara bonita, está bem enganado. Hanna Schmitz (personagem de Kate Winslet), é uma mulher intrigante que estabelece contacto (sim, esse tipo de contacto que estão a pensar, seus pervertidos!) com um adolescente (Michael Berg interpretado por Ralph Fiennes). Para além do calor e emoção, o adolescente lia sempre um livro a pedido de Hanna. Este é o mote para um filme que nos leva para o pós-Segunda Guerra Mudial, na qual Hanna tinha participado como guarda em Auchwitz, sendo presa e julgada no decorrer da história.
Pelo guião e pelas excenlentes interpretações dou...
É obvio que não vou contar o filme, apenas alerto para o facto de não ser aconselhável ter a avó por perto na primeira hora de filme (as cenas se sexo entre o rapaz e Hanna são algo repetitivas e até mesmo inquietates pela maneira "crua" como são apresentadas). No entanto, revela-se um filme com um guião fantástico e com uma Kate Winslet a encarnar as várias fases da vida da personagem que lhe valeu (merecidamente, a meu ver) o Óscar de melhor atriz principal.
Pelo guião e pelas excenlentes interpretações dou...
.
Classificação:
*****
quinta-feira, 5 de março de 2009
O Wrestler (The Wrestler)
Ora, aqui está a desilusão do ano! Não, não me refiro a Mickey Rourke. Ele é brilhante neste retrato de um wrestler decadente. Só não sabemos quanto daquela personagem é Mickey Rourke e quanto daquilo é um construção de um grande actor… Refiro-me ao filme em si e a todas as expectativas criadas em torno dele.
Sim, é um bom retrato, cru e perturbador, de uma América que cria ídolos e os deixa cair sem respeito pelo passado e de um homem para quem o sonho americano não resultou em pleno (e aqui estou quase a citar os críticos profissionais!), mas não é nada mais do que isso. Ou seja, a viagem emocional é mínima, a informação sobre as personagens é mínima - embora consigamos perceber, talvez por conhecermos os estereótipos, quem são - e a evolução de todos os elementos é nula. É um filme triste, contido, enervante (aquela câmara sempre nas costas das personagens chegou ao ponto de enjoar), que nos deixa na dúvida sobre se devemos ter absoluta empatia com a personagem (é isso que o filme sugere) ou considerá-la um idiota chapado, que não aprende com os erros, não tem força para mudar e que não cresce, nem quando já tem idade para “ter juízo”.
A forma crua de filmar e dar a conhecer as vicissitudes de um desporto que todos julgávamos “de mentirinha” (ler com sotaque) e a construção de uma personagem sólida e consistente merecem elogios. De resto, não corresponde às expectativas… que, na verdade, eram MUITO altas...
Classificação:
***
Sim, é um bom retrato, cru e perturbador, de uma América que cria ídolos e os deixa cair sem respeito pelo passado e de um homem para quem o sonho americano não resultou em pleno (e aqui estou quase a citar os críticos profissionais!), mas não é nada mais do que isso. Ou seja, a viagem emocional é mínima, a informação sobre as personagens é mínima - embora consigamos perceber, talvez por conhecermos os estereótipos, quem são - e a evolução de todos os elementos é nula. É um filme triste, contido, enervante (aquela câmara sempre nas costas das personagens chegou ao ponto de enjoar), que nos deixa na dúvida sobre se devemos ter absoluta empatia com a personagem (é isso que o filme sugere) ou considerá-la um idiota chapado, que não aprende com os erros, não tem força para mudar e que não cresce, nem quando já tem idade para “ter juízo”.
A forma crua de filmar e dar a conhecer as vicissitudes de um desporto que todos julgávamos “de mentirinha” (ler com sotaque) e a construção de uma personagem sólida e consistente merecem elogios. De resto, não corresponde às expectativas… que, na verdade, eram MUITO altas...
Classificação:
***
terça-feira, 3 de março de 2009
O Curioso Caso de Banjamin Button (The Curious Case of Benjamin Button)
Tem tudo para ser um grande filme. Uma história que atravessa gerações. Uma personagem principal diferente. Um romance arrebatador. Cenários magníficos. Um guião consistente que acaba por ser verosímil. E lições de vida. Mas não chega para ser um filme que ganha 13 Oscars. Não é uma biografia de uma personagem real, não exige do actor nenhuma adaptação física difícil (os efeitos visuais do filme são, salvo raríssimos momentos, brilhantes), não nos ensina muito acerca de história ou de sociologia ou de política. Não nos mostra cultura demasiado exóticas. É entretenimento puro. E entretenimento não ganha Oscars. …Só por isso o filme não deslumbra totalmente.
“O Estranho Caso de Benjamin Button” é um filmezão. Um épico, duro, longo, bem estruturado, que prolonga a dor de uma vida difícil, mas que nem por isso passa ao lado dos prazeres da vida. Um amor infantil e impossível, transforma-se numa paixão arrebatadora e depois num carinho respeitoso e cheio de deveres, deixando-nos a todos com um nó na garganta que perdura durante dias… Pelo menos até nos lembrarmos que a vida está nas nossas mãos.
Benjamin tinha uma razão objectiva que o fazia ser diferente dos outros(nasceu velho e morreu novo). Era efectivamente diferente, havia algo que o impedia de viver como queria viver, de ser “normal”, de ser feliz. Mesmo assim, soube sê-lo. A nós, espectadores em geral, são apenas os “macaquinhos no sótão” que nos impedem de atingir a felicidade. Nem que seja apenas para tirar essa conclusão ao sair da sala de cinema, já valeu a pena pagar o bilhete... Não?
Classificação:
****
“O Estranho Caso de Benjamin Button” é um filmezão. Um épico, duro, longo, bem estruturado, que prolonga a dor de uma vida difícil, mas que nem por isso passa ao lado dos prazeres da vida. Um amor infantil e impossível, transforma-se numa paixão arrebatadora e depois num carinho respeitoso e cheio de deveres, deixando-nos a todos com um nó na garganta que perdura durante dias… Pelo menos até nos lembrarmos que a vida está nas nossas mãos.
Benjamin tinha uma razão objectiva que o fazia ser diferente dos outros(nasceu velho e morreu novo). Era efectivamente diferente, havia algo que o impedia de viver como queria viver, de ser “normal”, de ser feliz. Mesmo assim, soube sê-lo. A nós, espectadores em geral, são apenas os “macaquinhos no sótão” que nos impedem de atingir a felicidade. Nem que seja apenas para tirar essa conclusão ao sair da sala de cinema, já valeu a pena pagar o bilhete... Não?
Classificação:
****
domingo, 1 de março de 2009
Revolutionary Road (Revolutionary Road)
Este filme não é para toda a gente. Há quem vá achar que é paradão, chato, desinteressante. Há quem pense que foi perder duas horas ao cinema. Para mim é um dos melhores filmes de um ano carregadinho de óptimos filmes.
Revolutionary Road é acerca do comportamento humano. Só. Recheado que subtilezas e leituras nas entrelinhas, pouco é o que diz e muito o que deixa para sentir.
Concretamente, Leo e Kate fazem o papel de um casal no meio de uma crise matrimonial. Ela está farta da vidinha nos subúrbios e quer mudar tudo. Ele está aborrecido e desiludido também, mas não sabe o que quer. Amam-se, mas não estão a conseguir encontrar-se. A aparente solução para a crise chega com a sugestão de se mudarem para Paris. Enquanto prepara a mudança, o casal volta a ser feliz, contra tudo e contra todos. Mas a vida é cheia de surpresas e nem tudo corre conforme o previsto. Há quem duvide, quem critique, quem interfira e quem mude de ideias...
É um filme sobre um casal perante o qual ninguém fica indiferente. E o desafio para o espectador é descobrir porquê. Porque é que eles são especiais? Quem encontrar a resposta para esta pergunta, ficará a conhecer-se melhor a si próprio. A interpretação de cada reacção, de cada mudança na história, de cada questão levantada é muito pessoal e diz muito sobre cada um de nós.
As interpretações são excelentes (embora não seja um filme pelo qual eu daria um prémio à Kate), o guião é brilhante, a realização e cinematografia adequadas e cheias de subtilezas que enriquecem a história e os cenários são fantásticos. Só não é, para mim, o melhor filme do ano porque não traz nada de novo em termos estéticos.
Classificação:
*****
Revolutionary Road é acerca do comportamento humano. Só. Recheado que subtilezas e leituras nas entrelinhas, pouco é o que diz e muito o que deixa para sentir.
Concretamente, Leo e Kate fazem o papel de um casal no meio de uma crise matrimonial. Ela está farta da vidinha nos subúrbios e quer mudar tudo. Ele está aborrecido e desiludido também, mas não sabe o que quer. Amam-se, mas não estão a conseguir encontrar-se. A aparente solução para a crise chega com a sugestão de se mudarem para Paris. Enquanto prepara a mudança, o casal volta a ser feliz, contra tudo e contra todos. Mas a vida é cheia de surpresas e nem tudo corre conforme o previsto. Há quem duvide, quem critique, quem interfira e quem mude de ideias...
É um filme sobre um casal perante o qual ninguém fica indiferente. E o desafio para o espectador é descobrir porquê. Porque é que eles são especiais? Quem encontrar a resposta para esta pergunta, ficará a conhecer-se melhor a si próprio. A interpretação de cada reacção, de cada mudança na história, de cada questão levantada é muito pessoal e diz muito sobre cada um de nós.
As interpretações são excelentes (embora não seja um filme pelo qual eu daria um prémio à Kate), o guião é brilhante, a realização e cinematografia adequadas e cheias de subtilezas que enriquecem a história e os cenários são fantásticos. Só não é, para mim, o melhor filme do ano porque não traz nada de novo em termos estéticos.
Classificação:
*****
"Qué Frô" na red carpet
Pois é, é bom saber que em hollywood também há espaço para comuns mortais, que sem falsas pretenções nos mostram aquilo que são sem filtros, sem o "politicamente correcto" ou até mesmo o "engomadinho". Se não gostam comam pipocas!
Assim foi o desfile em "bando" pela red carpet da comitiva indiana, juntos no filme e inseparáveis na cerimónia dos Óscares. Foi absolutamente poética a maneira como foram desfilando todo o exotismo e magia indiana presente no filme até ao púlpito.
Óscares à parte, este é um filme em que o "acaso" toma proporções gigantescas. Uma série de perguntas aparentemente impossíveis de responder (para um "puto" indiano), acabam por ser respondidas corretamente, deixando apresentador e país de boca aberta. A boca ficou tão aberta que a polícia encontrou aí um excelente motivo para dar-lhe um bom "arrail de porrada" para que este confessasse uma possível fraude. Se foi fraude ou não terão que ver o filme.
No entanto, no decorrer de "Slumdog milionaire", uma série de episódios na índia mais profunda e caótica, revelam pequenos pormenores que levam às respostas do programa que o nosso "herói" está prestes a vencer e convencer.
Como nenhum filme vive bem sem uma história de amor, Latika, uma jovem pela qual o protagonista está apaixonado desde "sempre", acaba por ser o principal motivo da participação no concurso.
Se para além do dinheiro ele ainda fica ca "gaja", terão mesmo que ver o filme!!
Para concluir, este bollywood filme é talvez o culminar de uma "era" em que a Índia e o povo indiano, com todo o seu esforço, se implementou no mercado britânico (fruto das anteriores gerações que se mudaram para lá). O guião é arrebatador, bem como a filmografia e a criação de ambientes através da côr que fazem deste filme uma verdadeira Obra de Arte (muito para além do cinema que apenas serve para nos fazer ruminar pipocas).
Apesar de não ser o filme da minha vida, é um filme que todos devemos ver uma vez na vida e por isso leva...
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Classificação:
*****
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