domingo, 19 de abril de 2009

Autocarro 174 (Última Parada 174)

Os bons filmes brasileiros nunca têm um final feliz. Talvez porque as histórias mais brutais e interessantes não estão nas famílias de conto de fadas que nos apresentam nas novelas e sim nas favelas das grandes cidades, onde as vidas são construídas na miséria e à custa de hábitos marginais que condenam para sempre os seus protagonistas.
“Autocarro 174” conta a história de dois meninos – Alessandro e Sandro – e de uma mãe sem filho. Alessandro e Sandro são dois desses seres ingénuos e miseráveis a quem a vida negou a oportunidade de crescer do lado certo da lei e, portanto, sem surpresas, tornam-se marginais da pior espécie, a quem os escrúpulos só servem para fazer sofrer.
A história – longa, 110 minutos de pura adrenalina - salta de clímax em clímax, absorvendo por completo o espectador, sem que ele consiga ter demasiada atenção a estruturas ou desempenhos, numa sucessão de momentos chocantes por serem reais. Os actores - jovens, alguns mesmo MUITO jovens - são arrebatadores, exemplares, absolutamente surpreendentes, ao darem vida a cenas que a maior parte dos adultos teria pudor em desempenhar.
Um filmezaço, sem dúvida, infelizmente baseado em acontecimentos reais, que vale MUITO a pena ver e que tem um pequeno extra no final: uma pequena aparição do Capitão Sousa, que toma conta da ocorrência do autocarro sequestrado, e do Capitão Nascimento (“Tropa de Elite”) no desenlace trágico do filme. Uma salva de palmas DE PÉ, para o realizador Bruno Barreto.

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Classificação:
*****