O futuro do cinema
“Avatar” é o tipo de filme que dá, garantidamente, o Óscar ao realizador (e sabe-se lá quantos mais à equipa). Nesta obra, como nas anteriores, James Cameron faz TUDO. Até o impensável, que é criar um planeta inteiro, com cultura, fauna, flora e até atmosfera próprias!
A história é muito interessante e, mais do que entretenimento, é uma forte mensagem anti-guerras corporativas e anti-arrogância do mundo ocidental. O ambiente criado convence em absoluto e consegue envolver a audiência por completo. Os actores são jovens que estão - quase, quase - a dar o salto para o mega-estrelato e, por isso, ainda obedecem cegamente aos caprichos do director (que sabe o que faz, diga-se!). Portanto, Avatar tem todos os ingredientes para ser um grande filme e é-o! Vai “papar” uma montanha lendária de Óscars, a julgar pela unanimidade das críticas! (Eu ainda tenho esperança de que, mesmo em confronto com “Avatar”, o “Inglorius Basterds”, de Tarantino, não seja esquecido, mas adiante...)
Cameron, todos sabemos, era a pessoa ideal para dar um chuto em frente no cinema 3D. O realizador – que apenas exige que o estúdio com que trabalha lhe dê o maior orçamento que tiver para atribuir no ano em questão - fez maravilhas quando realizou os “Terminators”, fez maravilhas quando realizou “Titanic” e volta a deslumbrar em “Avatar” com a mais nova tecnologia aplicada a cinema. Mas são precisamente as expectativas que funcionam contra ele…
Quem tem por hábito espreitar os “filmes 3D” que vão sendo anunciados por esse mundo fora, já deu por si a ver uns desenhos animados desenxabidos que de 3D só tem uns pormenorzecos, mas também já viu, por exemplo, o “Beowulf”, onde se conseguem sequências incríveis, com danças de objectos literalmente “em cima” da plateia (apesar da sua história ter pouco a louvar) e, portanto, quando entra na sala para ver “Avatar”, vai cheio de ideias loucas e com as expectativas no píncaros, acreditando que a profundidade dos objectos do filme de Cameron, o mago da tecnologia, lhe chegue “ao nariz”, ou seja, que os objectos “saltem do ecrã” e venham desafiar a plateia a agarrá-los e que a audiência consiga estar literalmente dentro do planeta Pandora!
…Mas isso raramente acontece neste filme. Os pormenores que vêm “parar às mãos” da audiência são poucos, esporádicos e pequenos. A profundidade existe e de forma nunca vista, mas, ainda assim, fica “dentro do ecrã”, há uma separação dos elementos em movimento e da plateia, um limite para a sua profundidade “fora” do ecrã. A coisa piora se virmos o filme legendado. As legendas pairam num plano qualquer entre as camadas de imagens (explicando de forma simplista: há objectos “antes e depois” do plano das legendas), como uma constante recordação do 2D, o que dificulta a absorção total do ambiente tridimensional criado. (Deve haver imensos termos técnicos para explicar tudo isto, mas eu não sou cientista e aposto que os pouco leitores deste blog preferem uma explicação não técnica da coisa…).
Há que dizer, no entanto, que, mesmo assim, Cameron consegue uma coisa incrível que é fazer um filme de duas horas e meia TOTALMENTE em 3D. Esqueçam os pormenorzecos. Este filme é TODO em 3D. Os objectos, as plantas, as multidões, TUDO tem uma profundidade nunca vista. Nuns momentos mais do que noutros, o público abre a boca de espanto com tamanha novidade. Mas não chega para nos sentirmos “dentro” de Pandora, embora tenha sido isso que nos prometeram durante a promoção do filme… É injusto, talvez, exigir mais do que o que a maravilha já conseguida – há um orçamento, há um limite de tempo, as escolhas têm de ser feitas com sensatez -, mas a verdade é que, sim, esperava um pouquinho – pequenino – mais, apenas porque se trata de James Cameron.
Mas a coisa não vai ficar por aqui. O realizador já está a preparar mais filmes em 3D e estou confiante de que será ele a levar-nos “para dentro” de outros planetas cinematográficos. Espero que entretanto se cumpram todas as expectativas relativa ao visionamento dos filmes 3D, incluindo (e este é uma espécie de pedido pessoal que aproveito para expressar aqui) a evolução para a não utilização daqueles óculos especiais horrorosos e que fazem dores de cabeça! Já em 2005, Spielberg prometia o registo de uma patente de uma técnica inovadora de visualização 3D baseada em ecrãs de plasma e sem necessidade de óculos especiais, em que um computador divide cada frame de filme e o projecta de ângulos diferentes para que seja capturado por pequenas ranhuras angulosas no ecrã. Claro que dotar os cinemas com mais este equipamento deverá demorar o suficiente para eu levar os meus netos às salas… Mas a esperança é sempre a última a morrer…
Mesmo assumindo que o principal interesse da obra é a evolução conseguida no 3D, “Avatar” é, nevertheless, um filmezão, que tem obrigatoriamente de ser visto por quem gosta de cinema!
Classificação:
****
quarta-feira, 30 de dezembro de 2009
segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
Sherlock Holmes (Sherlock Holmes)
Holmes irreverente
Com potencial para se transformar em franchising ( a sequela está em desenvolvimento de acordo com o IMDbPro), o Sherlock Holmes de Guy Richie é brilhantemente explorado pelo fabuloso Robert Downey Jr. Apesar de ser um blockbuster digno de tal nome, o melhor do filme é, sem dúvida, a renovada personagem e a interpretação que Downey lhe dá. Que o homem é um dos actores mais talentosos da sua geração, já sabíamos (pena que se perdeu durante uns anos nos caminhos tortuosos das drogas, tendo sido um dos poucos habitantes famosos de Hollywood a pagar por isso com sentença de prisão, mas adiante…), o que não esperávamos (ou pelo menos, EU não esperava) era que ele se deixasse seduzir por filmes mais comerciais e, ao fazê-lo, conseguisse transformar personagens mais ou menos lineares e pouco desafiantes em figuras densas e com várias “camadas” de emoções.
Fê-lo no “Homem de Ferro” e consegue fazê-lo no filme espectáculo de Guy Richie. Está, talvez, na altura de lhe darem um papel em que consiga ganhar um Óscar, já que, com “Chaplin” (1992), ficou-se pela nomeação. Holmes não chega para isso. Não tanto pela falta de densidade da personagem ou pela falta de empenho do actor (o filme tem das duas de sobra!), mas porque é um “herói de acção” e a Academia prefere oscarizar personagens biográficas, loucas ou esquizofrénicas. E, por isso, temos pena. O Holmes de Downey foi das melhores interpretações do ano! Merece, por isso, a nomeação para um Globo de Ouro na categoria de Melhor Actor Principal em Filme de Comédia ou Musical.
Sim, o Sherlock Holmes de Guy Richie é um “herói de acção”, em vez do gentlemen inglês sisudo que pode ter tido sucesso noutras épocas, mas que, nos anos 2000, em que o destaque vai para o individualismo e o exacerbar das características pessoais, seria olhado de lado e com a benevolência do respeito pelo “clássico”! Os blockbusters fazem-se com personagens irreverentes e não com “respeito”, por isso, Richie e a sua equipa de escritores (são cinco, sem contar com Sir Arthur Conan Doyle, autor da personagem), foi aos arquivos encontrar as características mais recônditas de Holmes e conseguiu – jurando que se manteve fiel à descrição da personagem nos primeiros livros de Sir Conan Doyle – encontrar um perfil sexy, dinâmico e exuberante, condizente com os heróis de acção dos dias de hoje. A única verdadeira liberdade criativa – dizem os criadores do lifting de Holmes – foi no rejuvenescimento de Watson, que se transformou num jovem apaixonado que atura o desmazelado detective apenas por este trazer aventura à sua vida.
Watson rejuvenesceu com o objectivo de dar mais dinamismo à fita e à figura principal do filme e encarnou no sex symbol Jude Law, que apesar de ter um talento discutível, deixa-se aqui contagiar pelo génio de Bob Downey e dá ao herói o que ele precisa: um side kick perfeito, aquele que é adjuvante da acção sem ensombrar o génio da personagem principal.
O conjunto é um filme dinâmico e luminoso, com personagens marcantes e sempre com o ritmo em crescendo, o que o torna um sério candidato a transformar-se numa série de filmes ao estilo Bond, com Holmes a explorar o glamour e as belas mulheres da fascinante Londres do séc. XIX.
Rachel McAdams e Mark Strong merecem uma última nota. Intensos, sem se transformarem em caricaturas, são dois actores a ter em atenção para futuros papéis, talvez mais exigentes.
Classificação:
****
Com potencial para se transformar em franchising ( a sequela está em desenvolvimento de acordo com o IMDbPro), o Sherlock Holmes de Guy Richie é brilhantemente explorado pelo fabuloso Robert Downey Jr. Apesar de ser um blockbuster digno de tal nome, o melhor do filme é, sem dúvida, a renovada personagem e a interpretação que Downey lhe dá. Que o homem é um dos actores mais talentosos da sua geração, já sabíamos (pena que se perdeu durante uns anos nos caminhos tortuosos das drogas, tendo sido um dos poucos habitantes famosos de Hollywood a pagar por isso com sentença de prisão, mas adiante…), o que não esperávamos (ou pelo menos, EU não esperava) era que ele se deixasse seduzir por filmes mais comerciais e, ao fazê-lo, conseguisse transformar personagens mais ou menos lineares e pouco desafiantes em figuras densas e com várias “camadas” de emoções.
Fê-lo no “Homem de Ferro” e consegue fazê-lo no filme espectáculo de Guy Richie. Está, talvez, na altura de lhe darem um papel em que consiga ganhar um Óscar, já que, com “Chaplin” (1992), ficou-se pela nomeação. Holmes não chega para isso. Não tanto pela falta de densidade da personagem ou pela falta de empenho do actor (o filme tem das duas de sobra!), mas porque é um “herói de acção” e a Academia prefere oscarizar personagens biográficas, loucas ou esquizofrénicas. E, por isso, temos pena. O Holmes de Downey foi das melhores interpretações do ano! Merece, por isso, a nomeação para um Globo de Ouro na categoria de Melhor Actor Principal em Filme de Comédia ou Musical.
Sim, o Sherlock Holmes de Guy Richie é um “herói de acção”, em vez do gentlemen inglês sisudo que pode ter tido sucesso noutras épocas, mas que, nos anos 2000, em que o destaque vai para o individualismo e o exacerbar das características pessoais, seria olhado de lado e com a benevolência do respeito pelo “clássico”! Os blockbusters fazem-se com personagens irreverentes e não com “respeito”, por isso, Richie e a sua equipa de escritores (são cinco, sem contar com Sir Arthur Conan Doyle, autor da personagem), foi aos arquivos encontrar as características mais recônditas de Holmes e conseguiu – jurando que se manteve fiel à descrição da personagem nos primeiros livros de Sir Conan Doyle – encontrar um perfil sexy, dinâmico e exuberante, condizente com os heróis de acção dos dias de hoje. A única verdadeira liberdade criativa – dizem os criadores do lifting de Holmes – foi no rejuvenescimento de Watson, que se transformou num jovem apaixonado que atura o desmazelado detective apenas por este trazer aventura à sua vida.
Watson rejuvenesceu com o objectivo de dar mais dinamismo à fita e à figura principal do filme e encarnou no sex symbol Jude Law, que apesar de ter um talento discutível, deixa-se aqui contagiar pelo génio de Bob Downey e dá ao herói o que ele precisa: um side kick perfeito, aquele que é adjuvante da acção sem ensombrar o génio da personagem principal.
O conjunto é um filme dinâmico e luminoso, com personagens marcantes e sempre com o ritmo em crescendo, o que o torna um sério candidato a transformar-se numa série de filmes ao estilo Bond, com Holmes a explorar o glamour e as belas mulheres da fascinante Londres do séc. XIX.
Rachel McAdams e Mark Strong merecem uma última nota. Intensos, sem se transformarem em caricaturas, são dois actores a ter em atenção para futuros papéis, talvez mais exigentes.
Classificação:
****
terça-feira, 22 de dezembro de 2009
New York, I Love You (New York, I Love You)
Um filme aos retalhos...
Depois de “Paris, Je T’Aime”, de 2006, é agora em Nova Iorque que um conjunto de realizadores procura o amor num filme em mosaico. Em 103 minutos, desfilam à frente dos olhos do espectador 11 pequenas histórias de realizadores com currículos tão díspares como Fatih Akin, Yvan Attal, Allen Hughes, Shunji Iwai, Wen Jiang, Joshua Marston, Mira Nair, Brett Ratner, Randall Balsmeyer, Shekhar Kapur e Natalie Portman.
Anthony Minghella era um dos realizadores convidados (chegou a escrever a sua pequena história), no entanto, não chegou a filmar o seu guião (faleceu a 18 de Março de 2008) tendo sido substituído por Shekhar Kapur.
Diz-se também que Scarlett Johansson teve, neste filme, a sua primeira experiência como realizadora. No entanto, a sua pequena história (cujo protagonista era Kevin Bacon) ficou fora na montagem final do filme. Todos asseguram que a opção de não incluir a história da actriz nada teve a ver com a qualidade do seu pequeno filme e sim com o facto de ele ser a preto e branco e ter muito poucos diálogo e relações interpessoais, ou seja, por não fazer sentido no contexto do filme.
Ora... No meio de toda aquela miscelânea de histórias sobre o amor em Nova Iorque fica a sensação de que de longa-metragem tem pouco. Umas histórias interligam-se, outras não. O ritmo não é em crescendo, é ao calhas! Não existe qualquer fio condutor linear entre os 11 exercícios. Algumas histórias surgem de uma só vez, outras são esquartejadas. Enfim… Acaba por parecer uma tentativa frustrada de obra-prima intelectualóide, sem nunca chegar a encher as medidas a ninguém. Gostava de um dia poder ver as 11 histórias no YouTube, cada uma por si. Aí, sim, poderia verdadeiramente aprecia-las todas!
Se tiver de escolher favoritos, voto nos segmentos de Bret Retner, Allen Hughes e Yvan Attal. Tentem identificá-los, se conseguirem!
Classificação:
***
Depois de “Paris, Je T’Aime”, de 2006, é agora em Nova Iorque que um conjunto de realizadores procura o amor num filme em mosaico. Em 103 minutos, desfilam à frente dos olhos do espectador 11 pequenas histórias de realizadores com currículos tão díspares como Fatih Akin, Yvan Attal, Allen Hughes, Shunji Iwai, Wen Jiang, Joshua Marston, Mira Nair, Brett Ratner, Randall Balsmeyer, Shekhar Kapur e Natalie Portman.
Anthony Minghella era um dos realizadores convidados (chegou a escrever a sua pequena história), no entanto, não chegou a filmar o seu guião (faleceu a 18 de Março de 2008) tendo sido substituído por Shekhar Kapur.
Diz-se também que Scarlett Johansson teve, neste filme, a sua primeira experiência como realizadora. No entanto, a sua pequena história (cujo protagonista era Kevin Bacon) ficou fora na montagem final do filme. Todos asseguram que a opção de não incluir a história da actriz nada teve a ver com a qualidade do seu pequeno filme e sim com o facto de ele ser a preto e branco e ter muito poucos diálogo e relações interpessoais, ou seja, por não fazer sentido no contexto do filme.
Ora... No meio de toda aquela miscelânea de histórias sobre o amor em Nova Iorque fica a sensação de que de longa-metragem tem pouco. Umas histórias interligam-se, outras não. O ritmo não é em crescendo, é ao calhas! Não existe qualquer fio condutor linear entre os 11 exercícios. Algumas histórias surgem de uma só vez, outras são esquartejadas. Enfim… Acaba por parecer uma tentativa frustrada de obra-prima intelectualóide, sem nunca chegar a encher as medidas a ninguém. Gostava de um dia poder ver as 11 histórias no YouTube, cada uma por si. Aí, sim, poderia verdadeiramente aprecia-las todas!
Se tiver de escolher favoritos, voto nos segmentos de Bret Retner, Allen Hughes e Yvan Attal. Tentem identificá-los, se conseguirem!
Classificação:
***
Golden Globes 2010
A Hollywood Foreign Press Association® já anunciou as suas escolhas para "The 67th Annual Golden Globe Awards", cuja cerimónia terá lugar no The Beverly Hilton no dia 17 de Janeiro de 2010 e será emitida pela NBC.
A lista de nomeados pode ser consultada aqui:
http://www.goldenglobes.org/nominations.
A lista de nomeados pode ser consultada aqui:
http://www.goldenglobes.org/nominations.
sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
Uma Aventura na Casa Assombrada (Uma Aventura na Casa Assombrada)
Amador, amador e mais amador...
Depois de uma sessão bem animada de cinema com uma multidão de gente muito jovem a assistir ao filme, concluo que os "putos" hoje já não engolem qualquer coisa. Em relação à história não há muito a fazer, é o que é, e foi escrita para outra geração de jovens que já não existe. O "Espírito do Mundo", um diamante vermelho com poderes sobrenaturais, roubado cinco séculos antes das mãos do último imperador azteca, é o centro desta aventura numa casa amaldiçoada nos confins da serra de Sintra. A herdeira da casa, Filipa, suscita a ajuda dos nossos heróis em busca da pedra preciosa, mas há inúmeros obstáculos a ultrapassar. Enfrentando fantasmas de guerreiros índios, estátuas que ganham vida, morcegos, alçapões, passagens secretas e um temível assassino alemão em busca de vingança, os nossos heróis terão de reunir todas as suas forças e perspicácia para chegar ao mítico diamante antes que seja tarde demais.
O "Pedro" empinou o texto e mais parecia que estava a ler o google. Esperava mais destes jovens que parecendo que não, já levam uns "kilómetros" de séries na bagagem. Podia até, pelos efeitos especiais, deslumbrar outro tipo de público mas nem isso o filme conseguiu. Resta esperar que esta geração de jovens actores continue a trabalhar com dedicação e talvez um dia poderão estar à altura de um desafio destes. Ainda assim, toda a filmagem é rudimentar e pouco arrojada em planos, perdendo-se um pouco da acção e retirando ritmo ao filme o que em nada ajudou estes "actores".
Depois de uma sessão bem animada de cinema com uma multidão de gente muito jovem a assistir ao filme, concluo que os "putos" hoje já não engolem qualquer coisa. Em relação à história não há muito a fazer, é o que é, e foi escrita para outra geração de jovens que já não existe. O "Espírito do Mundo", um diamante vermelho com poderes sobrenaturais, roubado cinco séculos antes das mãos do último imperador azteca, é o centro desta aventura numa casa amaldiçoada nos confins da serra de Sintra. A herdeira da casa, Filipa, suscita a ajuda dos nossos heróis em busca da pedra preciosa, mas há inúmeros obstáculos a ultrapassar. Enfrentando fantasmas de guerreiros índios, estátuas que ganham vida, morcegos, alçapões, passagens secretas e um temível assassino alemão em busca de vingança, os nossos heróis terão de reunir todas as suas forças e perspicácia para chegar ao mítico diamante antes que seja tarde demais.
O "Pedro" empinou o texto e mais parecia que estava a ler o google. Esperava mais destes jovens que parecendo que não, já levam uns "kilómetros" de séries na bagagem. Podia até, pelos efeitos especiais, deslumbrar outro tipo de público mas nem isso o filme conseguiu. Resta esperar que esta geração de jovens actores continue a trabalhar com dedicação e talvez um dia poderão estar à altura de um desafio destes. Ainda assim, toda a filmagem é rudimentar e pouco arrojada em planos, perdendo-se um pouco da acção e retirando ritmo ao filme o que em nada ajudou estes "actores".
Classificação:
*
Playboy Americano (Spread)
Comédia romântica???????
A sinopse é bem divertida e quase não leva a perguntar o porquê de ser um para maiores de 16, no entanto a resposta vem pronta e com poucas palavras e muita exposição. Por momentos pensei estar num cinema rasca e decrépito num bairro degradado mas não, era mesmo distribuído pela Lusomndo... A sinopse vende bem aquilo que acaba por não ser, uma comédia romântica... "Comédia romântica sobre um playboy que arranja esquemas com mulheres ricas e mais velhas para lhes sacar dinheiro, mas apaixona-se por uma empregada de mesa e deixa a senhora que andava a trabalhar, mas a empregada de mesa também têm o seu próprio esquema." De romântico tem pouco e de comédia 0.
A sinopse é bem divertida e quase não leva a perguntar o porquê de ser um para maiores de 16, no entanto a resposta vem pronta e com poucas palavras e muita exposição. Por momentos pensei estar num cinema rasca e decrépito num bairro degradado mas não, era mesmo distribuído pela Lusomndo... A sinopse vende bem aquilo que acaba por não ser, uma comédia romântica... "Comédia romântica sobre um playboy que arranja esquemas com mulheres ricas e mais velhas para lhes sacar dinheiro, mas apaixona-se por uma empregada de mesa e deixa a senhora que andava a trabalhar, mas a empregada de mesa também têm o seu próprio esquema." De romântico tem pouco e de comédia 0.
Assim, de maneira mais leve e elaborada "Nikki é um engatatão que tem conseguido manter uma existência recheada de privilégios, vivendo na casa de Hollywood Hills de uma advogada de meia-idade, Samantha. Ele vai partilhando os seus segredos connosco ao mesmo tempo que organiza festas e leva mulheres para a cama. Tudo corre pelo melhor para Nikki, até ao momento em que conhece uma bela criada, chamada Heather, que, sem ele saber, está a jogar o mesmo jogo que ele. Nikki e Heather estão ambos excitados sexualmente com uma vida que os leva aos mais finos restaurantes e às festas mais na moda. Mas a verdade sobre as suas existências força-os a ter de escolher entre o dinheiro ou o amor... Los Angeles é uma outra personagem do filme, oferecendo-nos ambientes luxuriantes durante o período em que Nikki está na mó de cima e alguns dos mais nojentos motéis quando não tem mais nenhum sítio para ir. No seu percurso, Nikki percorre os maiores sonhos e pesadelos de Hollywood. Nikki vê-se rodeado de mulheres bonitas como Emily, que é seduzida pela sua beleza e charme mas se vê usada por ele. Enquanto isso, Harry, o melhor amigo de Nikki, é o último recurso deste quando não tem mais mulheres de quem possa depender".
Ainda assim é um guião que não merecia este mau gosto. Para quem aprecia um bom filme de "queca" é uma excelente oportunidade para ir ao cinema, para quem gosta de "comédias românticas" não se deixe enganar...
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Classificação:
**
Classificação:
**
quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
Terapia para casais (Couples Retreat)
Vamos discutir a relação?
A designação de “comédia romântica” pode pesar sob um filme. Se há os que as devoram, também há os que as abominam, acreditando que nenhuma obra catalogada de “comédia romântica” pode ensinar o que quer que seja. Eu sou daquelas pessoas que, não havendo nada que me chame à atenção no cartaz daquele dia, encolhe os ombros e compra bilhete para uma comédia romântica, ciente de que o objectivo dos autores é mais entreter do que instruir ou fazer arte. E cinema também é isso…
No entanto, é quando se vê um filme como “Terapia para Casais” que se percebe que não é muito justo, por vezes, colocar no mesmo “saco” um filme como, por exemplo, “A Proposta” (http://popcornparadise.blogspot.com/2009/08/proposta-proposal.html) e este, já que o primeiro fica beneficiado com o epíteto e o segundo prejudicado…
“Terapia para Casais” é, efectivamente, uma “comédia romântica”. Senão vejamos: tem comédia e tem romance. Mas faz um pouquito mais do que entreter…
Diz a sinopse no site da Lusomundo: “Uma comédia romântica que acompanha quatro casais do Midwest numa viagem com destino a um resort numa ilha tropical. Enquanto um dos casais está lá para tentar salvar o seu casamento, os outros três fazem jet ski, frequentam o spa e tomam banhos de sol. Mas depressa descobrem que a participação nas sessões de terapia de casal não é opcional… e as suas férias ganham subitamente nova dimensão.” Nem mais.
Neste filme exploram-se quatro casamento em velocidade cruzeiro, com todos os seus problemas trazidos à luz do dia. São quatro tipos de relação diferentes e, logo, quatro tipos de problemas diferentes. Serão quatro possíveis divórcios?
Quem sobrevive? O casal que tenta, mas não consegue ter filhos e tem de lidar com o desgaste dessa situação? O casal que teve filhos cedo demais? O casal que trabalha muito e comunica cada vez menos? Ou aquele em que um dos membros já desistiu?
São quatro situações estereotipadas que levam a plateia a pensar um pouco nas suas próprias vidas… Levante a mão quem está numa relação duradoura e não se questiona, por vezes, sobre se está tudo bem ou se simplesmente se acomodou...
O guião é consistente, com pormenores muito bem conseguidos e engraçados. Os actores são eficazes e convincentes. Os cenários são, como diz uma personagem, “um screen saver”! Em suma, tem tudo o que uma boa comédia romântica deve ter: situações que fazem rir… e pensar…
Classificação:
***
A designação de “comédia romântica” pode pesar sob um filme. Se há os que as devoram, também há os que as abominam, acreditando que nenhuma obra catalogada de “comédia romântica” pode ensinar o que quer que seja. Eu sou daquelas pessoas que, não havendo nada que me chame à atenção no cartaz daquele dia, encolhe os ombros e compra bilhete para uma comédia romântica, ciente de que o objectivo dos autores é mais entreter do que instruir ou fazer arte. E cinema também é isso…
No entanto, é quando se vê um filme como “Terapia para Casais” que se percebe que não é muito justo, por vezes, colocar no mesmo “saco” um filme como, por exemplo, “A Proposta” (http://popcornparadise.blogspot.com/2009/08/proposta-proposal.html) e este, já que o primeiro fica beneficiado com o epíteto e o segundo prejudicado…
“Terapia para Casais” é, efectivamente, uma “comédia romântica”. Senão vejamos: tem comédia e tem romance. Mas faz um pouquito mais do que entreter…
Diz a sinopse no site da Lusomundo: “Uma comédia romântica que acompanha quatro casais do Midwest numa viagem com destino a um resort numa ilha tropical. Enquanto um dos casais está lá para tentar salvar o seu casamento, os outros três fazem jet ski, frequentam o spa e tomam banhos de sol. Mas depressa descobrem que a participação nas sessões de terapia de casal não é opcional… e as suas férias ganham subitamente nova dimensão.” Nem mais.
Neste filme exploram-se quatro casamento em velocidade cruzeiro, com todos os seus problemas trazidos à luz do dia. São quatro tipos de relação diferentes e, logo, quatro tipos de problemas diferentes. Serão quatro possíveis divórcios?
Quem sobrevive? O casal que tenta, mas não consegue ter filhos e tem de lidar com o desgaste dessa situação? O casal que teve filhos cedo demais? O casal que trabalha muito e comunica cada vez menos? Ou aquele em que um dos membros já desistiu?
São quatro situações estereotipadas que levam a plateia a pensar um pouco nas suas próprias vidas… Levante a mão quem está numa relação duradoura e não se questiona, por vezes, sobre se está tudo bem ou se simplesmente se acomodou...
O guião é consistente, com pormenores muito bem conseguidos e engraçados. Os actores são eficazes e convincentes. Os cenários são, como diz uma personagem, “um screen saver”! Em suma, tem tudo o que uma boa comédia romântica deve ter: situações que fazem rir… e pensar…
Classificação:
***
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
Capitalismo: Uma História de Amor (Capitalism: A Love Story)
A problemática da cenoura à frente dos olhos
“Quando eu era pequeno, lembro-me que o meu pai trabalhava na General Motors, pagou a casa em que vivíamos antes de eu ir para o infantário, fazia 4 semanas de férias pagas por ano e, ano sim, ano não, passávamos o Verão em Nova Iorque. Se aquilo era o capitalismo, eu adorava-o.” E entretanto tudo mudou. Os salários baixaram. As pessoas viram-se obrigadas a trabalhar o dobro para compensar os funcionários que os patrões não contratavam. O desemprego aumentou. E alguém encorajou o povo americano a pedir dinheiro emprestado para fazer face a tudo o que não podiam pagar. Até que tudo se desmoronou.
Michael Moore, no seu inconfundível estilo provocatório, manipulador e cheio de conspirações, explora de forma hábil os motivos que levaram à crise do capitalismo na América. Desde a época de Reagen até à eleição de Obama, o cineasta esmiúça acções e decisões de políticos e seus conselheiros, os lucros das grandes empresas e alguns casos emblemáticos em que o povo foi esmagado pela América corporativa (como o caso chocante dos pilotos de aviões que ganham menos ao ano do que um funcionário do MacDonald’s!!!), construindo uma história simplista, de heróis e vilões, em que não faltam temas de reflexão. Um assunto que podia ser complexo e incompreensível, torna-se fácil de acompanhar e – se o espectador estiver ciente de que está a ver um filme de Moore - permite até decidir sobre a sua concordância ou não com as conclusões do realizador. Embora não seja fácil não ver as coisas como Moore as apresenta, já que a manipulação e as cenas sensacionalistas e infrutíferas (como ir com um carro blindado a Wall Street pedir o “dinheiro dos contribuintes americanos de volta” ou envolver a dita na famosa fita amarela “Crime Scene Do Not Cross”) são uma constante nos seus filmes.
Perdoado o estilo próprio, há que admitir que Moore consegue colocar nas bocas do mundo todos os temas em que toca e consegue levar “o povo” a pensar seriamente sobre eles. Este filme é mais um exemplo acabado disso mesmo. E embora não seja uma obra prima (talvez porque já nos tenhamos cansado um pouco do sensacionalismo de Moore ou porque, narrativamente, o documentário não apresenta nenhuma inovação), tem o mérito de explorar um assunto que há muito merece ser discutido… ou não andemos todos a tentar imitar o modelo de vida americano (agora decadente).
“Nós aguentámos tudo isto porque nos acenavam com a cenoura à frente dos olhos: um dia será tu a vencer.” Mas à medida que o fosso entre os ricos e os pobres ia aumentando, a crença nesta promessa ia desaparecendo. Até que o povo se revoltou: elegeu Obama (um socialista?). O povo percebeu que tinha poder e nada será como dantes. A conclusão do cineasta é que acredita na democracia: recusa-se a viver num país como aquele, mas não se irá embora...
Classificação:
***
“Quando eu era pequeno, lembro-me que o meu pai trabalhava na General Motors, pagou a casa em que vivíamos antes de eu ir para o infantário, fazia 4 semanas de férias pagas por ano e, ano sim, ano não, passávamos o Verão em Nova Iorque. Se aquilo era o capitalismo, eu adorava-o.” E entretanto tudo mudou. Os salários baixaram. As pessoas viram-se obrigadas a trabalhar o dobro para compensar os funcionários que os patrões não contratavam. O desemprego aumentou. E alguém encorajou o povo americano a pedir dinheiro emprestado para fazer face a tudo o que não podiam pagar. Até que tudo se desmoronou.
Michael Moore, no seu inconfundível estilo provocatório, manipulador e cheio de conspirações, explora de forma hábil os motivos que levaram à crise do capitalismo na América. Desde a época de Reagen até à eleição de Obama, o cineasta esmiúça acções e decisões de políticos e seus conselheiros, os lucros das grandes empresas e alguns casos emblemáticos em que o povo foi esmagado pela América corporativa (como o caso chocante dos pilotos de aviões que ganham menos ao ano do que um funcionário do MacDonald’s!!!), construindo uma história simplista, de heróis e vilões, em que não faltam temas de reflexão. Um assunto que podia ser complexo e incompreensível, torna-se fácil de acompanhar e – se o espectador estiver ciente de que está a ver um filme de Moore - permite até decidir sobre a sua concordância ou não com as conclusões do realizador. Embora não seja fácil não ver as coisas como Moore as apresenta, já que a manipulação e as cenas sensacionalistas e infrutíferas (como ir com um carro blindado a Wall Street pedir o “dinheiro dos contribuintes americanos de volta” ou envolver a dita na famosa fita amarela “Crime Scene Do Not Cross”) são uma constante nos seus filmes.
Perdoado o estilo próprio, há que admitir que Moore consegue colocar nas bocas do mundo todos os temas em que toca e consegue levar “o povo” a pensar seriamente sobre eles. Este filme é mais um exemplo acabado disso mesmo. E embora não seja uma obra prima (talvez porque já nos tenhamos cansado um pouco do sensacionalismo de Moore ou porque, narrativamente, o documentário não apresenta nenhuma inovação), tem o mérito de explorar um assunto que há muito merece ser discutido… ou não andemos todos a tentar imitar o modelo de vida americano (agora decadente).
“Nós aguentámos tudo isto porque nos acenavam com a cenoura à frente dos olhos: um dia será tu a vencer.” Mas à medida que o fosso entre os ricos e os pobres ia aumentando, a crença nesta promessa ia desaparecendo. Até que o povo se revoltou: elegeu Obama (um socialista?). O povo percebeu que tinha poder e nada será como dantes. A conclusão do cineasta é que acredita na democracia: recusa-se a viver num país como aquele, mas não se irá embora...
Classificação:
***
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