segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Ouviste falar dos Morgans? (Did You Hear About The Morgans?)

Banalidades, banalidades, banalidades…

Hugh Grant a fazer de inglês atrapalhado e Sarah Jessica Parker no papel de uma Carrie Bradshaw casada. Hum… Pode ser acolhedor. Pode fazer o espectador sentir-se em casa, já que o reconhecimento é imediato. E a química entre os dois actores (e as duas personagens) funciona ás mil maravilhas, ao ponto de ser inacreditável que seja a primeira vez que contracenam juntos… Será que dá para construir um clássico…?
Meryl (Sarah Jessica Parker) e Paul Morgan (Hugh Grant) formam um casal nova-iorquino desavindo que, ao testemunhar um crime, entra para o programa de protecção de testemunhas do Governo. A sua nova localização é uma pequena cidade rural do Wyoming, onde eles não encaixam, mas onde vão ter de decidir se querem continuar juntos ou optar pelo divórcio.
Marc Lawrence - realizador de “Music & Lyrics” e “Two Weeks Notice” (ambos com Hugh Grant) e escritor do famosíssimo “Miss Congeniality” (“Miss Detective” em português) -, que escreve e realiza esta obra, tinha, então, tudo para conseguir um blockbuster: duas mega estrelas, duas personagens reconhecidas pelo público em qualquer filme (o tal inglês atrapalhado e a tal nova-iorquina empedernida), um guião obviamente bem estruturado, com algumas piadas oportunas e outras tantas cenas em que se valoriza o conceito de família, e a – não menos importante - aposta do estúdio em publicidade. Usou tudo com objectividade e cuidado. Misturou racionalmente. …E serviu um pratinho requentado e a cheirar a mofo…
Porquê?
O problema reside exactamente na repetição das fórmulas (fórmulas, fórmulas!). A ideia do “peixe fora de água” (“fish ou of water style comedy”) já foi usada milhões de vezes - e até da mesma forma: citadino asfixia no campo - com mais inteligência e arte (como em “Crocodile Dundee”, por exemplo). E aquelas personagens – percebemos agora! - estão demasiado gastas.
As caras de um Grant assarapantado e os chiliques de Parker por estar fora de Manhattan já renderam o que tinham a render e ou eles – os dois! - começam a escolher os guiões com cuidado ou arriscam-se a não ter carreira daqui a cinco anos!!! O público está cansado das personagens que eles fazem over and over and over again. São SEMPRE as mesmas, sem nuances sequer! Não só é MUITO chato de ver, como é absolutamente desapontante para quem esperava mais destas duas grandes estrelas.
Mesmo com a inegável habilidade de Lawrence para escrever guiãozinhos competentes - daqueles que não marcam, mas que agradam a toda a família por serem mero entretenimento inofensivo, cheios de evocações reconhecíveis e acolhedoras e com as cenas maximizadas exactamente como mandam os manuais de guionismo –, o exercício, desta vez, saiu-lhe “ao lado” por ter – finalmente! - demasiados clichés estilísticos e personagens e situações - não reconhecíveis, mas - absolutamente batidas, gastas, mortas!
Já basta, caríssimos! O público já não engole estas pastilhas e diz que gosta! Vamos lá a tratar as audiências com um pouco mais de respeito, sim?

Classificação:
**