quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Pânico em Hollywood (What Just Happened)

O dia-a-dia de um produtor de cinema

“Pânico em Hollywood” é o retrato da vida stressante de um produtor de cinema em Hollywood. De segunda a Sexta-feira, o espectador acompanha “um dos 30 produtores mais poderosos de Hollywood”, Ben (Robert De Niro), enquanto ele tenta resolver três questões paralelas e pertinentes: convencer o realizador a alterar o horrível final do filme “Fiercely”, com Sean Penn, que é suposto estrear em Cannes mas que teve resultados horríveis no test screening em LA; convencer Bruce Willis, estrela do próximo filme, a rapar uma farta barba e a perder uns quilos antes do início das filmagens, para que volte a parecer-se com “a estrela de cinema” que o estúdio “comprou”; e reconquistar a última ex-mulher, de quem está separado há ano e meio.
A ideia de mostrar as vicissitudes daquela profissão é interessante, já que poucos apaixonados pelo cinema percebem qual é exactamente o papel de um produtor em Hollywood, além de gerir fundos (é, por isso, um filme algo didáctico). No entanto, com a câmara sempre enfiada na cara de De Niro, cuja personagem é discreta e contida, o filme, apesar de retratar muitas situações stressantes, acaba por tornar-se monótono e sem ritmo. Além disso, o guião, mais preocupado em dar um retrato fiel do dia a dia de “um deles”, falha em decidir a qual das três histórias deve dar destaque, acabando por deixar o espectador um pouco perdido sobre qual é, afinal, o verdadeiro desafio da personagem. Ou seja, em vez de ficarmos com a sensação de que estamos a acompanhar um período conturbado da vida de Ben (e um filme é isso: uma personagem que tem de superar um desafio crítico e invulgar!), parece que aquilo que estamos a ver é o habitual em Hollywood, e portanto, não há razão para grandes dramas, já que ele aparece sempre contido e com um aparente controlo da situação. Há sempre uma saída. Há sempre algo a “descansar” o espectador… o que torna os 105 minutos de filme demasiado longos. O filme falha redondamente no ritmo e na manutenção da tensão. Desconfio até que nunca teria sido considerado interessante e nunca teria sido produzido se não se tratasse de uma história que retrata Hollywood...
A nota mais positiva vai para Sean Penn, Bruce Willis, John Turturro e Katherine Keener, já que De Niro, em vez de um Hollywood producer cheio de garra, aparece como um Hollywood producer velho e cansado. Até pode ser que, neste caso, tenha sido uma opção do realizador, mas a dúvida permanece: É mesmo característica da personagem? Ou é de De Niro? É que aquele registo começa a ser familiar no actor… É pena.

Classificação:
**