terça-feira, 22 de setembro de 2009

Para a Minha Irmã (My Sisters Keeper)

Uma história muito difícil

Anna é uma pré-adolescente feliz. Nascida no seio de uma família aparentemente funcional, ela adora a irmã mais velha, Kate, com quem partilha brincadeiras e segredos. Anna é um produto da engenharia genética e nasceu para salvar a irmã, vítima de leucemia desde menina. Com 11 anos, ela enfrenta a possibilidade de abdicar de um rim para o dar a Kate que entrou em falha renal. Mas o drama em que a família vive há anos vai agravar-se porque, desta vez, Anna vai recusar ajudar a irmã. Para isso, contrata um famoso advogado e pede a emancipação médica dos pais, para que possa passar a decidir sobre o seu corpo.
A premissa é, em si, um “murro no estômago”, por isso, quem for ver este filme tem de ir preparado para um drama a sério.
Nick Cassavetes (co-autor do guião e realizador) não se centra – e muito bem – na história de tribunal. O que ele pretende é explorar os sentimentos contraditórios de quem é forçado a viver quase exclusivamente para cuidar de alguém. Filma rotinas, tratamentos, brincadeiras e escapes de forma hábil e delicada. Filam uma família aparentemente feliz, cujos sentimentos – ou ressentimentos – se vão colocando em segundo plano para se dedicar totalmente a tornar a vida de uma só pessoa mais feliz. E, ao colocar Anna no centro da história, não evita - nem quer evitar - que seja Kate a sua grande estrela.
As interpretações, nesta película, são arrepiantes. Aos seis actores “principais”- Abigail Breslin (aqui a fazer de Anna, ela foi a filha de Mel Gibson em “Signs” e acumulou um CV verdadeiramente impressionante desde aí!), Sofia Vassilieva (estrela da série “Medium”, aqui a dar vida à doce e forte Kate), Cameron Diaz (talvez no seu melhor papel, a de uma mãe lutadora), Jason Patric (um pai preocupado), Evan Ellingson (o irmão invisível), Alec Baldwin (o advogado de causas) -, que merecem um aplauso de pé, acrescento Heather Wahlquist, a tia sensata, Joan Cusack, a juíza sofredora (que talvez tenha exagerado numa ou noutra cena, ou talvez o que devia ter ficado na sala de montagem… não ficou…), e o lindíssimo (o adjectivo aplica-se ao actor, sim, mas principalmente à personagem) Thomas Dekker, aqui a viver na pele do grande amor de Kate. Um elenco de luxo a julgar pelo resultado final.
Com um história apaixonante, actores extraordinários e um realizador bastante sensível, o filme perde por ser previsível em alguns acontecimentos e até no desfecho. Mas isso não é razão para não ir ao cinema levar o tal “murro no estômago”...

Classificação:
****