sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Sacanas Sem Lei (Inglorious Basterds)

A obra-prima de Tarantino!

É difícil escrever sobre um filme assim. Há tanto, tanto a dizer e tão pouco que valha a pena colocar por palavras, por medo que o espectador leve alguma expectativa para o cinema. É melhor que não leve. Não vale a pena dar-se ao trabalho. Tarantino baralha todas as cartas que lhe conhecemos e dá um showzaço de cinema. “É habitual”, dirão alguns fãs da irreverência do autor. Mas não é habitual sairmos do cinema com um sentimento de TOTAL satisfação.
Vamos ver... A história é irreverente Q.B e verídica Q.B para nos interessar desde início. (Atenção ao “Q.B.”! É muito importante este “Q.B”, especialmente à medida que nos aproximamos do final!) O realizador é quem é… portanto, dá-nos cenas longas mas incrivelmente bem estruturadas, muito, muito sangue e total confiança nos actores. Os actores… Bom, os actores são… sei lá… há algum adjectivo mais elogioso do que SOBERBOS?!!
Quem é Christoph Waltz??? E porque é que Hollywood ainda não o tinha descoberto?! O público MERECE-O num cinema de massas! No filme, a fazer de “Caçador de Judeus”, o austríaco (a fazer de austríaco!) fala QUATRO línguas com um sotaque quase limpo e dá um baile de representação. Sublime!
Dianne Kruger? É em Dianne Kruger (alemã, a fazer de alemã!) que cai a responsabilidade de co-star de Brad Pitt? Sem dúvida que ela é extraordinária, mas é Mélanie Laurent (francesa, a fazer de francesa) que carrega a história do filme e o leva até ao fim!
E Brad Pitt (americano, a fazer de americano!)... Bom, já sabemos que ele é bonito demais para ganhar um Óscar, mas Hollywood tem mesmo de tirar a venda dos olhos e começar a pensar em mudar esse hábito. Mais uma vez, o actor transforma-se (e é difícil uma mega-estrela transformar-se perante os olhos do público, que nunca se esquece de quem ele é!) numa espécie de cromo americano, duro e experiente, e partilha com (o incrível! Ele é MESMO incrível neste papel!) Christoph Waltz aquela que é a cena mais hilariante do filme ao tentar falar italiano. A não perder.
...Tarantino é louco. E isso nota-se em cada filme que faz. Os que temiam que ele não soubesse domar a loucura que lhe deu fama ou que a perdesse com o sucesso obtido, podem descansar: cada vez ele está mais “falhado” e isso é cada vez melhor de se ver. Aqui leva a loucura ao extremo e deixa quem lhe deu o Óscar por “Pulp Fiction” num aperto. Se Pulp Fiction era o melhor que ele podia fazer no que diz a um argumento (ganhou “Best Writing, Screenplay Written Directly for the Screen” em 1995 e originou um culto), o que lhe vão dar desta vez? TUDO?!
…É o mínimo.

Classificação:
*****

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Inimigos públicos (Public Enemies)

Gangster com coração...

Finalmente Johnny Deep teve o desafio de desempenhar um filme biográfico com uma personagem sem grandes artifícios (demasiado real tendo em conta o historial do actor). Talvez esteja a começar a treinar para os Óscares mas defenitivamente ainda não é desta...
A sinopse é bem intrigante e leva-nos a pensar que são mais de duas horas sem parar mas "desengane-se". Ninguém conseguia parar Dillinger e o seu gang. Nenhuma prisão o conseguia deter. As suas encantadoras e audazes fugas fazem com que o povo se apaixone por ele numa altura em os americanos que não tinham qualquer simpatia pelos bancos que tinham feito cair o país numa depressão. Mas enquanto as aventuras do gang de Dillinger, incluindo posteriormente o sociopata Baby Face Nelson e Alvin Karpis, maravilhavam tudo e todos, o Presidente Hoover tinha intenção de capturar Dillinger de forma a elevar o seu Centro de Investigação à condição de policia nacional. Tornando Dillinger "Inimigo Público Número Um" atribui a Purvis, um impetuoso agente conhecido como "Clark Gable do FBI", a missão de capturar o mais famoso gangster da América. Contudo, Dillinger e o seu gang conspiravam e venciam Purvis em perseguições e tiroteios selvagens. Só depois de chamar uma equipa dos agora intitulados agentes do ocidente da América e orquestrando traições épicas - da vergonhosa "Mulher de Vermelho" ao chefe do crime de Chicago Frank Nitti, é que Purvis, o FBI e a sua nova equipa de pistoleiros serão capazes de se aproximar de Dillinger.
O filme conta também com momentos em que o próprio Dillinger entra no departamento que o investiga (meio vazio pois todos o procuram) e passeia pelos arquivos da sua investigação ou até mesmo no cinema onde os anúncios aos criminosos mais procurados eram uma constante (em que pediam às pessoas para olhar para a direita e para a esquerda pois ele podia estar na sua fila), Dillinger nunca era identificado...
No entanto, é um filme um pouco "parado" para um filme de gangsters... Faltou talvez um guião mais "Xanã" em relação às cenas de acção. Poderiam cortar em 40% as cenas de diálogo que só fazem o filme ter mais uma hora e em que nada é acrescentado às simples motivações das personagens que são Amor, Dinheiro e Liberdade. Não devemos também esquecer que Dillinger apenas assaltava bancos (não as pessoas que nele se encontravam) ou seja, o Robin Hood sem a parte de dar aos pobres...

Classificação:
***

terça-feira, 25 de agosto de 2009

O ABC da sedução (The Ugly Truth)

Os Homens são de Marte, as Mulheres São de Vénus: O Filme

Abby Richter é uma romântica produtora de um programa de TV, solteira e neurótica, a quem a busca pelo Príncipe Encantado tem deixado solteira. As audiências do programa estão a descer e o patrão de Abby contrata Mike Chadway, o polémico apresentador da rubrica “The Ugly Truth”, onde Mike explica a sua versão misógina das relações homem-mulher. Apesar das diferenças de personalidade e por imperativo das audiências, os dois são obrigados a entrar num consenso, ao ponto de Mike ajudar Abby a conquistar o Sr. Perfeito.
Os conselhos de “empina as mamas, aumenta os decotes, usa uns saltos, ri-te sempre das piadas dele e nunca o critiques” resultam. Abby conquista Colin, o vizinho, médico e escultural, para pouco depois se aperceber de que ele se apaixonou por uma versão falsa de quem ela é.
E quem é que ama a verdadeira Abby, digam lá…?
O filme é totalmente baseado nos clichés cinematográficos do “homem magoado que conhece mulher romântica mas independente que por acaso é escultural mas não o sabe e que o vai salvar transformando-o no ideal feminino de homem perfeito”. Nada de novo portanto. Os protagonistas desta americanada - óptima para comer pipocas na época estival - são lindos de morrer e dão uns toques como actores, ou seja, basta não se envergonharem para ficarem fantásticos no ecrã. E ficam.
A este factor positivo, juntam-se duas ou três piadas bem conseguidas, sendo a melhor (sem dúvida!) aquela em que Abby decide vestir umas cuecas vibratórias antes de um encontro e acaba sentada num restaurante a fazer a apresentação de uma ideia aos chefes do canal para o qual trabalha enquanto o comando das ditas – ligado - está na mão de um miúdo traquina… Uma espécie de cena à “When Harry Met Sally” dos tempos modernos. Aqui, pontuação máxima para Katherine Heigl, cujo CV (onde consta a série “Grey’s Anatomy” ou “Anatomia de Grey”) não impressiona ninguém.
Fica a curiosidade para ver estes dois (ou até três) actores daqui para a frente. Deixam a impressão de poder fazer mais e melhor… Mas, sendo uma conclusão tirada ao ver um filme cheio de clichés baratos e truques fáceis pode revelar-se um equívoco…
Uma última nota para uma aparição fugaz de Kevin Connolly, o fantástico Eric da série “Entourage” (ou “A Vedeta”), que continua a passar pelo grande ecrã como se não quisesse ficar por lá…

Classificação:
**

A Proposta (The Proposal)

O paraíso do vazio de personagens marcantes

“A Proposta” é a película que, no primeiro fim-de-semana de exibição nos Estados Unidos, bateu todos os records de audiência. Porquê? Será que Sandra Bullock tem aqui um papel para ganhar um Óscar? Será que a história é o supra-sumos do drama? Serão a realização e elenco dignos de memória...? Não. Sandra Bullock aparece nua pela primeira vez na tela. Esse será, aparentemente, o único motivo para o sucesso de bilheteira que foi este filme.
A actriz, conhecedora dos jogos da profissão, já adiantou que se isso garante sucesso na venda de bilhetes, vai despir-se até aos 70 anos, quando estiver toda enrugadinha. …Percebe-se a resposta. A verdade é que, de tudo o que se pode observar na tela durante aqueles 109 minutos, a única coisa digna de nota verdadeiramente positiva é o desempenho da actriz, que começa a merecer papéis mais exigentes. (Vá, pronto. Talvez valha a pena referir também a participação sempre doce da Golden Girl Betty White. Uma avó adorável... Sempre no registo que lhe conhecemos.)
Ora, esta é, supostamente, uma história de amor. A sinopse diz que “quando a poderosa editora Margaret se vê na iminência se ser deportada para o Canadá, o seu país de origem, a hábil executiva decide e declara que está noiva do seu insuspeito assistente Andrew. Ele, forçado, concorda participar na farsa mas impõe algumas condições. O improvável casal dirige-se para o Alaska para conhecer a excêntrica família de Andrew e a dominadora rapariga de cidade, depara-se com sucessivas situações hilariantes em que se sente como um peixe fora de água. Com um casamento de fachada em curso e um funcionário do controlo de imigração no seu encalço, Margaret e Andrew prometem relutantemente cingir-se ao plano apesar das desastrosas consequências”.
Normalmente, é nestas circunstâncias que o amor acontece. E esta história não foge à regra… No entanto, ao contrário do que o guião nos quer fazer acreditar, Margaret não se apaixona por Andrew, e sim pela família dele, pela cidade natal dele, pelo contexto em que ele foi criado e que lhe faltou a ela. Até porque, na verdade, não chegamos a conhecer Andrew… nem a mãe, nem o pai, nem qualquer das personagens secundárias – pobres! - que colocaram na história apenas para criar gags que nos fazem rir… com Sandra Bullock!
Um aplauso, por isso, a Sandra, que faz rir a até chorar, que, em suma, faz o filme. E o resto é paisagem. E, excluindo as imagens do Alaska, é uma paisagem POBRE!

Classificação:
**

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Harry Potter e o príncipe Misterioso (Harry Potter and the Half-Blood Prince)

Half blood, half tudo...Já perdi a conta aos filmes do Harry Potter. Não sendo fã da saga em livro, fui ao cinema ver o primeiro filme e fiquei surpreendida com a história consistente e surpreendente, numa obra cheia de personagens e efeitos especiais extraordinários. Depois, em cada Natal, era quase tradição ir ver o que o jovem feiticeiro andava a tramar.
No entanto, nos últimos filmes (já fora da época natalícia, se bem me lembro), a acção era tão intensa e com tantas referências aos acontecimentos passados, que todos os que não eram fãs da saga ou que, como eu, não têm o hábito de alugar os DVDs do filme anterior antes de ir ver o seguinte ficavam um pouco defraudados com o espectáculo. Mesmo que as personagens e os efeitos especiais continuassem marcantes, o respeito pelo espectador era muito pouco, já que o deixava duas horas a tentar adivinhar o que se teria passado no “episódio” anterior e a amaldiçoar a memória que não consegue guardar recordações de outras duas horas de entretenimento fútil acontecidas DOIS ANOS antes…
Neste filme tudo muda. A acção é ao ritmo da terceira idade (fácil de acompanhar, portanto!) e a história envolvente e praticamente sem referências ao passado, ou antes, quem conhece o passado das personagens entende as suas motivações mais profundas, mas quem não conhece consegue apreendê-las sem dificuldade. Até aqui, tudo bem. Um aplauso para o novo filme do Harry Potter… Ou talvez um aplauso para J.K.Rowling. É que ela deve ter escrito imensas coisas fantásticas, coisas que foram, de certeza, filmadas, mas que, como há que limitar o tempo de filme ao suportável, a equipa decidiu cortar na sala de montagem! Só assim se explica alguns “saltos” demasiado evidentes na acção, que deixam questões por responder… Por onde e porquê viajou Dumbledore? Porque morreu a tarântula de Hagrid e em que é que isso é importante para a história? De onde surgiu a caverna descoberta por Dumbledore? Ninguém sabe… Ou sabe, talvez, quem leu o livro… Talvez a equipa que nos presenteia com os filmes do Harry Portter tenha descoberto o verdadeiro cinema interactivo… O espectador leva trabalho para casa: ler um livro! Tenho esperança de que, para os seguidores da série em filme, as respostas a estas perguntas surjam daqui a dois anos no próximo filme. Seguindo as fórmulas anteriores, ainda vêm a tempo… Tal como a explicitação climática da razão do título do filme (que me parece muito mal traduzido para português, ou então estou a ver significados onde eles não existem...).
Sem querer revelar o final, o filme termina com a morte de uma personagem muito querida. Mas quando as luzes se acendem, os espectadores ficam um pouco confusos: é suposto acabar assim? A sério? ISTO era o (Sexto? Sétimo? Décimo nono? Eu podia googlar isto, mas a minha intenção é mesmo desafiar o leitor a lembrar-se…) filme do Harry Potter? Têm a certeza que não ficou a meio? A resposta é: não, não ficou. O próximo é que vai ficar a meio, porque o livro – “Harry Potter and the Deathly Hallows” – vai ser dividido em dois: “
Harry Potter and the Deathly Hallows Part I” e “Harry Potter and the Deathly Hallows Part II”. …Mal posso esperar…

Classificação:
**