sexta-feira, 31 de julho de 2009

O Barco do Rock (The Boat That Rocked)

Uma ode á música!É a época dourada do Rock & Roll. Na Inglaterra de 1966, a BBC passa apenas duas horas semanais de Rock & Roll. Para ouvir os seus êxitos favoritos dia e noite - Beatles e Rolling Stones incluídos - metade da população do país (25 milhões de pessoas!) era devota ouvinte das rádios piratas. Apesar do êxito, o Governo Britânico está apostado em acabar com a liberdade (considerada excessiva) dos locutores das emissões clandestinas. A Rádio Rock, a emitir a partir de um velho barco ancorado no Mar do Norte, é a mais bem sucedida estação pirata e, por isso, é também o alvo preferencial das maquinações dos políticos apostados em calar a voz da modernidade.
Esta é a história de um filme cujos intervenientes assumem ter sido feito apenas para “divertir, divertir e divertir despudoradamente”. E isso é plenamente conseguido ou não fosse metade do elenco composto por actores que têm por hábito sentarem-se nas filas da frente na cerimónia dos Óscars.
Ao que parece, Philip Seymour Hoffman (a interpretar “The Count”, um carismático Radio DJ), Kenneth Branagh (como político irritante e bolorento) e até Emma Thompson (num brevíssimo papel de femme fatal!) decidiram divertir-se a fazer um filme do inigualável Richard Curtis, autor de êxitos como “Quatro Casamentos e Um Funeral”, “Bridget Jones” ou “Love Actually” (que também realizou). Juntam-se-lhes o fantástico Bill Nighty (no género em que é mais reconhecido: a comédia), Rhys Ifans (inesquecível na pele do DJ mais famoso de Inglaterra), Nick Frost (fabuloso como DJ alarve e inconsciente) e ainda uma série de jovens actores em ascensão, que fazem um conjunto invulgarmente funcional e talvez até inesquecível.
Richard Curtis habituou-nos a histórias simples, que exploram de forma crua e honesta o tema do amor, sempre com a música como pano de fundo. E não decepciona quem espera isso dele neste filme. Numa realização que lembra os filmes dos Beatles, Curtis explora com simplicidade o amor dos amigos, o amor pela música e o amor pelas causas. O filme é, em última análise, uma ode à música. Além da exploração do tema pelo guião (colocando belas palavras de amor pela 1.ª arte na boca dos DJs), a banda sonora assume um papel basilar, ficando, por vezes, com o ónus de contar (e bem!) parte da história. The Who, Jimi Hendrix, The Beach Boys, Smokey Robinson, Otis Redding, The Kinks, David Bowie, The Hollies… A lista é interminável. Os êxitos que desfilam filme dentro chegam a ser mais impressionantes do que fita.
Para os que um dia se apaixonaram por uma voz rouca da rádio. Para os que se arrepiam sempre quando ouvem aquela música. Para os que já tiveram a experiência de passar umas horas numa cabine de rádio. Para os que cresceram na época dourada das rádios pirata. Para os que têm saudades de se divertir como na adolescência. Para os que sabem o que é colocar a alma no trabalho. Para os que sabem o que é amar. Não acredita? Acredite, pelo menos, naquele elenco extraordinário e arrisque ir divertir-se ao som dos grandes clássicos.

Classificação:
****