sexta-feira, 17 de julho de 2009

Bruno (Brüno)

America fashionable e gay

A palavra “excessivo” é tímida para descrever Brüno, o austríaco de 19 anos inventado por Sasha Baren Cohen. Ostensivamente gay (atrevo-me, nos dias que correm, a dizer “ofensivamente” gay?), o jovem quer, porque quer, vencer na vida… no matter what! Despedido de um programa sobre moda “que ditava as tendências” na Áustria, depois de ter arruinado, de forma inacreditável, um desfile da Agatha Ruiz De La Prada, Brüno decide procurar a fama em Los Angeles. E não olha a meios para atingir fins.
O que pode tornar alguém famoso? Como vivem as verdadeiras estrelas? Qual o caminho certo para subir a escada do estrelado?
Brüno analisa tudo de forma distorcida e tenta imitar. De um branqueamento do ânus ao abraçar de uma causa mundial, da adopção de um bebé negro à tentativa de resolver a crise do Médio Oriente, da ideia de ser raptado por terroristas à aposta na impossível conversão para heterossexual… tudo é possível e assustadoramente executável para Brüno.
Dizer que não é um filme consensual é demasiado óbvio. Sasha não faz personagens consensuais. Este Brüno expõe, como Borat expunha, a estupidez e os preconceitos da sociedade, desta vez, não apenas americana, mas numa perspectiva mais global. Brüno viaja pelo mundo e ofende (é o termo certo!) quem encontra. Nem os mais liberais se sentarão no cinema de ânimo leve a ver este filme repleto de atitudes over the top e imagens pornográficas. Se sentíamos uma “pena mórbida” de Borat por ser tão “limitado” nas suas opiniões, ficamos na dúvida sobre os nossos sentimentos por Brüno, porque ele não tem quaisquer limites. Muito mais do que Borat, que apenas expunha quem encontrava a uma opinião polémica e esperava resultados, Brüno é exagerado, excessivo, ofensivo, indefensável. É ele quem faz as cenas, as encaminha, as expõe, as finaliza... Como no caso do gay converter que acaba quase, quase convertido ele próprio com as provocações de Brüno, o representante de um estilo de vida absolutamente livre e fora do alcance do comum mortal (Graças aos Céus!).
Não vale a pena discutir o guião feito de pedaços de cenas reais e perigosas - encenadas por Sasha Baren Cohen e a sua equipa de destemidos e filmadas como se de um documentário biográfico se tratasse -, coladas numa lógica hilariante em pós-produção (só pode!). A Wikipédia escreve que este é um “mockumentary comedy film”… Deve ser isso…

Classificação:
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