quarta-feira, 20 de maio de 2009

Anjos & Demónios (Angels & Demons)

132 minutos de pura adrenalina

Ora aí está tudo o que um filme deve ser e ter: uma boa história, uma realização competente, bons actores, bons diálogos, cenários fantásticos e um ritmo alucinante.
Os críticos dizem que é “puro entretenimento” como se isso fosse mau. Como se um filme para ser filme tivesse necessariamente de representar essas alegorias tão intelectuais suburbanas e repetitivas da infância perdida ou do complexo de Édipo. Como se tivéssemos de sair do cinema sempre em crise existencial. Como se um filme fosse um texto filosófico e não, tão simplesmente, uma história contada em imagens.
Talvez alguns até consigam ver significados escondidos na obra de Ron Howard (além dos óbvios). Dan Brown, o autor da história em livro, quis obviamente escrever uma história em que coloca a Igreja Católica em dúvida. Mas, ou o autor não consegue mesmo decidir-se acerca da utilidade (ou inutilidade) dessa instituição milenar ou percebeu que decidir era o pior caminho na estrada para o sucesso… E talvez seja por isso que, ao fim de duas horas de discussão pertinente sobre religião, tudo fique na mesma… Assim é no mundo.
Quem não leu “Anjos & Demónios” levante o braço. Se não leu este, leu o “Código Da Vinci” (ou viu o filme). Diferenças? Algumas. “Anjos & Demónios” – cujos acontecimentos no cinema, ao contrário da cronologia do lançamento das obras literárias, têm lugar depois do anterior episódio de Robert Langdon em busca do Santo Graal – tem uma história estruturalmente muito mais cinematográfica. Menos diálogo, mais acção. Se no filme anterior adrenalina vem da perseguição da polícia francesa, aqui existem CINCO deadlines inamovíveis, de apenas uma hora cada um e com missões específicas a cumprir. O tempo está sempre a esgotar-se, enquanto cardeais, com pretensões a papa, são mortos de forma brutal e enquanto paira sobre o Vaticano a ameaça de ser fisicamente obliterado da face do planeta em meros segundos com um “bomba” de, imagine-se!, antimatéria, produzida no CERN, o tal laboratório Suíço que tentou reproduzir o Big Bang. A ajudar “à festa”, os cenários recriados do Vaticano (onde a equipa de produção não foi autorizada a entrar) são absolutamente irrepreensíveis e espectaculares. A esse nível, é quase magia o que foi conseguido neste filme!
Desta vez, deixando a história para trás, a ciência e a religião são o centro de um confronto entre a magnânima Igreja Católica e uma sociedade secreta de cientistas, os Iluminati, que, afinal… só existe em lenda. Pelo meio, resumem-se os argumentos de parte a parte e discutem-se ideias intemporais, ao mesmo tempo que se vasculham os supostos arquivos do Vaticano. Cada um poderá, quem sabe?, tirar destas discussões esse significado “maior” que muitos procuram num filme… Será o suficiente? Sim, se o espectador tiver interesse neste tema específico. E as centenas de pessoas que esgotaram todas as sessões do filme no fim-de-semana de estreia e que faziam fila no cinema num Sábado à meia noite para encher a sala 1 parecem tê-lo.
Em suma, Anjos & Demónios não muda a vida de ninguém, seguramente, mas proporciona mais de duas horas do mais absoluto fascínio. Não haverá UM SEGUNDO em que o espectador queira tirar os olhos do ecrã. É uma promessa.

Classificação:
*****