terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Jogo Limpo (Fair Game)

Retrato do mundo em que vivemos

Mais um filme desencantado, que dá conta da “revolução” que, silenciosa, ocorre nas vidas de todos nós. Já não acreditamos em muito e o que nos vais sendo revelado à custa da “era da informação não filtrada”, apoiada nas novas tecnologias, faz-nos acreditar em menos ainda. Entre câmaras em directo da guerra, Tweets e Wikileaks, esta é mais uma obra política, destinada ao público cansado de ser enganado pela elite política e ávido de saber “tudo”… na esperança de que, sabendo tudo, possa tomar atitudes...
Valerie Plame é uma agente da CIA que viu a sua identidade secreta revelada por Richard Armitage, do US State Department, ao jornalista Robert Novak, do Washington Post - um facto considerado crime nos EUA. A revelação ocorreu logo depois de o ex-diplomata Joseph Wilson, seu marido, criticar os Estados Unidos por manipular informações para justificar a invasão do Iraque pela presença de armas de destruição em massa no país, assegurando, dessa forma, e existência de uma guerra imoral e infundada.
O filme é baseado numa história verídica - facto, aliás, comprovado pelas imagens que encerram a obra e que mostram a Valerie Plame real a falar pela primeira vez sobre a sua história perante o
U.S. House Committee on Government Reform.
Naomi Watts assume o papel da agente de forma convincente e humilde e Sean Penn presenteia os espectadores mais uma interpretação deliciosa na pele do seu revoltado marido, Joseph Wilson. O filme tem duas “partes” – a primeira mostra-nos o dia-a-dia de uma competente agente da CIA, as suas responsabilidades e os seus limites; a segunda leva-nos aos meandros do escândalo público, que, apesar de ser um pouco menos interessante no que diz respeito ao espectáculo, nos leva à essência da personagem de Naomi.
É um filme para os que querem saber mais acerca dos bastidores da guerra do Iraque, sobre como funciona o mundo da “intelligence” e o que esteve na base da criação do “mito” sobre as armas de destruição maciça (in)existente no Iraque. No fundo, é um filme sobre imoralidades políticas, num mundo em que vale tudo...

Classificação:
****