quinta-feira, 22 de abril de 2010

Uma Noite Atribulada (Date Night)

Muita acção e pouca comédia

Juntar Tina Fey a Steve Carell cria expectativas. Um espectador que compra um bilhete para “Date Night” não entra na sala escura à espera de ver uma mera comédia. Quer ser desafiado. Vai ver a próxima geração da comédia hollywoodesca. E sai defraudado…
Neste filme, a dupla é Claire e Phil Foster, um casal suburbano, preso à rotina e sem chama, cuja vida muda numa das suas “noites de saída”. Num bistro da moda em Nova Iorque, apoderam da reserva de outro casal e nunca mais têm descanso. De acordo com a sinopse da Lusomundo, “lembrando-os do que os tornava tão especiais juntos, Phil e Claire defrontam um par de polícias corruptos, um mafioso de alto gabarito e um taxista louco, à medida que a sua saída se transforma numa noite que nunca irão esquecer.”
A premissa é fantástica, mas o resultado fica aquém das expectativas. Se excluirmos os abdominais de Mark Wahlberg, o Audi da personagem dele a alta velocidade e um taxista apavorado na cena de acção principal, a melhor parte da obra acaba por ser as cenas cortadas que passam com os créditos finais. Aí, a dupla maravilha brilha, de facto, dando azo à imaginação em improvisos menos indicados para a idade a que o filme se destina (M/12).
É uma boa oportunidade desperdiçada numa produção muito ambiciosa, mas que não chega para colmatar as faltas de um guião demasiado banal.

Classificação:
**

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Um Homem Singular (A Single Man)

A busca da perfeição


Tom Ford é estilista - responsável, por exemplo, pela revitalização da Gucci - faz 48 anos este ano, é gay e namora, há mais de duas décadas, com o jornalista Richard Buckley, ex-editor da revista Vogue. Em “Um Homem Singular”, o designer estreia-se na escrita, produção e realização de cinema. Tom Ford fará mais filmes na sua carreira.
Ele fará mais filmes na sua carreira, porque este excede, em absoluto, as expectativas que se dispensam a uma primeira obra. Explora de forma magistral uma história extraordinariamente humana e sombria, contida e adulta, dilacerante. É a narrativa cruel de um homem que perde o amor da sua vida e da sua luta para conseguir continuar uma existência desapaixonada e dolorosa.
“Um Homem Singular” é uma ode à beleza.
Já tinha lido algures que cada frame deste filme é “um postal ilustrado”. E é-o, de facto. Da menina loura e de olhos azuis com o seu vestido ciano rodado ao gigolô esbelto com look de James Dean, cada “postal” é lindíssimo, de uma beleza indelével, como uma marca de autor.
Colin Firth não ganhou o Óscar por este papel… mas até podia ter ganho, já que está perfeito como professor de meia idade no limite da paciência para com a vida. Julianne Moore, Matthew Goode, Ginnifer Goodwin, Nicholas Hoult compõem o restante elenco de deuses gregos.
São poucos os actores que não são seres absolutamente perfeitos fisicamente, sendo, curiosamente, a principal mulher da história, Julienne Moore, a única que foi deliberadamente dotada de algumas imperfeições, supostamente trazidas pelo tempo…
Apesar da Lusomundo ter catalogado o filme como sendo para M/16Q – atenção ao “Q”! -,nada de chocante aparece no ecrã, a menos que a nudez (nunca total) masculina ou um beijo gay o sejam. Já vi cenas mais chocantes em telenovelas, mas suponho que quando se fala de homossexualidade existe sempre excesso de zelo...
O filme só não é absolutamente perfeito porque nos primeiro 30 minutos um espectador assíduo de cinema, com conhecimentos acerca da estrutura dos filmes, consegue perceber como poderá terminar a história... Mas nem toda a audiência tem esses skills.
…Para saborear. Devagarinho.

Classificação:
****